Operação "Bem-vindo à Palestina" acaba com deportações

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Publicado Terça, 17 de Abril de 2012 às 16:36, por: CdB

1500 ativistas preparavam-se para aterrar em Telavive com destino a um evento de solidariedade em Belém. Mas Israel conseguiu impedir a partida de boa parte destas pessoas, assinalando às companhias aéreas os nomes dos passageiros indesejados. Um português conseguiu chegar ao aeroporto, onde lhe foram negados todos os direitos e acabou deportado à força para a Jordânia. Esta terça-feira, 1600 palestinos iniciaram uma greve de fome nas prisões de Israel.Artigo |18 Abril, 2012 - 02:30Ativistas pró-Palestina novamente alvos de repressão em Israel. Foto mkream/Flickr

Chamavam-lhe a "flytila", num trocadilho com a "flotilha da liberdade" que tentou chegar à Palestina por mar e foi impedida por uma sangrenta operação militar israelita que matou vários ativistas. Desta vez o desafio era chegar por ar, mas a colaboração das companhias aéreas com o governo israelita deixou em terra a maior parte dos membros da campanha "Bem-Vindo à Palestina". Mesmo assim, cerca de 120 pessoas chegaram ao aeroporto internacional Ben Gurion, em Telavive, e ali detidas e na maior parte dos casos, imediatamente deportadas.

"Cheguei sozinho e de forma pacifica ao aeroporto Ben Gurion e assim permaneci durante o resto de um dia em que fui, sucessivamente, interrogado, insultado, agredido, detido durante dez horas sem qualquer tipo de justificação, transportado diretamente para a pista do aeroporto numa carrinha celular e, finalmente, deportado a forca para Amman sob escolta policial" relata Hugo Leal, um participante português desta campanha.

"Em vários momentos, solicitei a presença de um advogado ou a concessão de uma audiência judicial: tudo negado. A meio da tarde, permitiram-me fazer um telefonema para a Embaixada portuguesa em Tel-Aviv, mas o numero de emergência que levava comigo não funcionou", acrescentou o ativista numa carta de direito de resposta enviada ao jornal "Correio da Manhã", que esta segunda feira publicava apenas a versão da propaganda de Israel, que até o acusava de "distúrbios a bordo do avião proveniente da Jordânia". "O voo de 25 minutos até Tel-Aviv, operado pela  companhia aérea Royal Jordanian, decorreu sem qualquer tipo de problemas", prossegue Hugo Leal, dizendo que "o 'crime' que cometi e do qual me orgulho foi ter declarado, no controlo de passaportes, que me dirigia a a Palestina para participar numa missão internacional que tinha como objectivo ajudar a construir um complexo escolar, em Belém".

A repressão de Israel à solidariedade internacional com a Palestina surgiu na mesma altura em que as imagens da violência de um tenente-coronel israelita contra um ativista dinamarquês perto de Jericó correram mundo, com o embaixador da Dinamarca a pedir explicações ao Governo.

Esta terça-feira teve início uma greve de fome de cerca de 1600 prisioneiros (as autoridades prisionais israelitas falam em 1200), tendo outros 2300 decidido recusar comida durante 24 horas, para assinalar o Dia dos Prisioneiros. A ação surge no momento em que foi libertado Khader Adnan, militante da Jihad Islâmica, após 66 dias de greve de fome. A maior parte dos 4800 palestinos presos em Israel cumpre penas de prisão perpétua ou está detido indefinidamente sem direito a conhecer a acusação ou um advogado. Para além da luta política pela independência, os presos palestinos contestam estas "detenções administrativas", o abuso das celas solitárias e os entraves às visitas familiares. 

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