Openleaks destruiu milhares de documentos secretos

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Publicado Quarta, 24 de Agosto de 2011 às 06:44, por: CdB

O antigo colaborador de Julian Assange que rompeu com a Wikileaks e roubou milhares de documentos entregues à organização, anunciou que os destruiu para proteger as fontes. Assange acusa Daniel Domscheit-Berg de ligações aos serviços secretos internacionais e anuncia para hoje a divulgação de 35 mil telegramas de embaixadas norte-americanas.Artigo |24 Agosto, 2011 - 16:35Daniel Domscheit-Berg diz ter destruído os documentos que roubou, mas a Wikileaks continua a divulgar telegramas das embaixadas norte-americanas. Foto marc falardeau/Flickr

Os documentos que Domscheit-Berg conseguiu roubar quando saiu da Wikileaks contêm a lista de pessoas proibidas de embarcar em aviões com destino aos Estados Unidos, cinco gigabytes de documentos internos do Bank of America (que se previa ser a "próxima vítima" da revelação de escândalos), informação acerca de várias organizações de extrema-direita ou negociações sobre intercepção de comunicações dirigidas pelos EUA a mais de cem empresas de internet.

Entre os documentos está também pelo menos um vídeo de uma "grande atrocidade" cometida pelas tropas norte-americanas no Afeganistão, que se supõe ser a do massacre de Granai, em Maio de 2009, que fez cerca de uma centena de mortos, sobretudo crianças.

Após a saída da organização liderada por Assange, Daniel Domscheit-Berg fundou a Openleaks, supostamente para fazer concorrência à Wikileaks, e encontrou no semanário português Expresso um dos seus cinco parceiros na imprensa internacional.

O Expresso enviou mesmo um correspondente ao encontro do Chaos Computer Club (CCC), considerado o maior encontro de hackers do mundo, e relatou na edição de 13 de Agosto o "teste de resistência" ao site da Openleaks,  quando Domscheit-Berg pediu aos hackers presentes que o tentassem atacar. O semanário publicou entrevistas com o fundador da Openleaks, mas não referiu como a iniciativa foi mal recebida no encontro de hackers, levando inclusivamente à expulsão de Daniel Domscheit-Berg daquele encontro por parte dos organizadores.

Os responsáveis do CCC, que durante 11 meses tentaram mediar o conflito entre Daniel e Assange por causa dos documentos roubados, não gostaram agora de ver o seu encontro servir para dar credibilidade à organização Openleaks. "Tenho muitas dúvidas sobre a integridade de Domscheit-Berg. Ele consegue ser muito flexível quando se trata de factos", acusa Andy Müller-Maguhn, o porta voz do CCC e consultor de segurança em declarações ao Der Spiegel, que vê na Openleaks "nada mais que uma nuvem com promessas de segurança".

Os documentos roubados por Daniel Domscheit-Berg no ano passado à Wikileaks contêm também comunicações internas da Wikileaks, que Daniel terá ameaçado revelar a organizações inimigas de Assange. Numa comunicação revelada esta semana, Assange lança suspeitas sobre Daniel e a esposa Anne, que trabalha para a Microsoft alemã, dirigindo as relações com o governo.

Daniel Domscheit-Berg é o autor do livro "Inside WikiLeaks", que revela alguns segredos da organização e pinta um retrato muito desfavorável de Assange. "Recebi um aviso de um agente secreto ocidental no activo sobre o contacto que Daniel tem mantido com o FBI e que a informação dele recolhida tem sido uma ajuda", revelou Assange esta semana, acrescentando outro relato sobre a mulher da Daniel, que terá entrado em contacto com a CIA quando ainda trabalhava para a consultora McKinsey & Company.

A Wikileaks está a tentar recuperar do duro golpe que sofreu após a divulgação dos telegramas das embaixadas norte-americanas. Para além de ter de responder aos processos judiciais e ataques informáticos de que é alvo - e com o coordenador preso em casa com pulseira electrónica - também as formas de financiamento da organização também foram dificultadas ao máximo pelos EUA.

Esta quarta-feira, a Wikileaks anunciou que vai divulgar dezenas de milhares de novos telegramas, entre os quais 350 da Líbia, 3000 da China e 2170 de Taiwan.

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