ONU quer estimular debate climático

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Publicado Terça, 22 de Setembro de 2009 às 06:43, por: CdB

Estados Unidos e China, maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa, usarão nesta terça-feira uma cúpula da ONU para alertar que o tempo está se esgotando na busca por um novo acordo climático global.

Os presidentes Barack Obama e Hu Jintao estarão entre os principais oradores na cúpula de um dia em Nova York, quando faltam apenas dois meses e meio para a reunião de 190 países que irá tentar aprovar o novo tratado em Copenhague

– O relógio está correndo –, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, em nota na qual conclama os líderes a "se comprometerem publicamente com selar um acordo em Copenhague" e darem orientações aos seus negociadores para que acelerem o ritmo.

As discussões preliminares para a reunião ministerial dos dias 7 a 18 de dezembro têm enfrentado problemas. A principal discordância é sobre o nível das reduções de emissões para os países desenvolvidos e em desenvolvimento, e também sobre a contribuição financeira e tecnológica que os países ricos fariam aos pobres.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que as negociações estão "perigosamente próximas de um impasse" e correm o risco de um "colapso ressentido" se não houver progressos mais rápidos.

Obama e Hu, que devem ter um encontro reservado depois da cúpula, podem ajudar a superar esse impasse.

O presidente da China, cujo país já é o maior emissor global de gases do efeito estufa, deve apresentar novas propostas, que podem incluir uma meta de "intensidade de carbono" - uma promessa de reduzir a quantidade de gases do efeito estufa emitida por cada dólar do PIB local.

– Este conjunto de políticas levará a China a ser o líder mundial no combate à mudança climática –, disse na segunda-feira Yvo de Boer, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, antecipando esse anúncio. 

Uma proposta agressiva da China no controle das suas emissões - mesmo sem uma limitação absoluta - pode coibir as críticas de políticos norte-americanos que relutam em aceitar um corte expressivo para as emissões dos EUA se não tiverem uma contrapartida de Pequim.

Já Obama, que tem deixado a questão climática em segundo plano diante do seu empenho em aprovar uma reforma da saúde, tentará cumprir sua promessa eleitoral de demonstrar liderança na busca por um acordo global, ainda que haja poucas chances de que o Senado aprove um pacote climático antes da reunião de dezembro em Copenhague.

Martin Kaiser, diretor de políticas climáticas da entidade Greenpeace, disse que o presidente tem permitido que "interesses velados" afetem suas promessas.

– Esta é a oportunidade para que Obama seja um líder global e sinalize para o restante do mundo que os EUA irão assumir sua parcela justa no esforço para cortar as emissões de gases do efeito estufa nos próximos dez anos –, disse Kaiser em nota.

O evento, convocado por Ban, irá reunir quase cem chefes de Estado e governo. Os líderes do G20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes) deverá discutir a questão nesta semana na sua cúpula de Pittsburgh. No entanto, exceto se houver algum avanço importante na cúpula da ONU, há pouca expectativa de progresso no encontro do G20.

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