O stress e o dia-a-dia

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Publicado Sexta, 23 de Outubro de 2009 às 13:07, por: CdB

Tensão! Ansiedade! Stress! São os companheiros do homem moderno. A situação mundial nos invade afetando a estrutura humana, fazendo decair a capacidade de raciocínio, a criatividade, a produtividade e causando doenças como pressão alta, úlceras, problemas cardíacos, insônia, entre tantas outras, levando até mesmo à morte prematura.

A convivência com fatores potencialmente estressantes aumenta a cada dia. As pessoas confrontam com relatos sobre a violência urbana nos noticiários diários. Não é à toa, que se fique em estado de alerta ao chegar ou sair de casa, ao andar por uma rua menos movimentada, ao parar o carro em um sinal vermelho, ao utilizar precários meios de transporte públicos, ao passear em locais públicos, etc.

Esta constante vigilância, até certo ponto, é justificada: coleta-se evidências recorrentes de assaltos ou outros tipos de violência física e psicológica, a partir da experiência vivida ou por meio de relatos de pessoas próximas ou pela mídia.

O problema reside na hiper vigilância excessiva, ou seja, ficar, a todo momento, extremamente atento a qualquer informação que confirme que de fato se está em uma situação de perigo. Muitas vezes, fica-se em um estado de alerta constante desnecessariamente, o que pode trazer conseqüências disfuncionais para o indivíduo.

Esta atitude parece cada vez mais comum em nossa sociedade. Quem sofre uma violência ou de alguma maneira acaba se impressionando com ela, tende a apresentar mudanças significativas na sua forma de encarar o mundo, o que influencia sentimentos e comportamentos subseqüentes. Essa hiper vigilância pode estar presente em alguns transtornos ansiosos, porém, pode também ser conseqüência de um elevado nível de stress experimentado frente às contingências atuais.

Estresse significa qualquer estímulo ou irritação que seja acompanhado de um distúrbio nervoso ou mental, ou ligado a outros sistemas, além do sistema nervoso, na vida cotidiana do ser humano.

O stress acontece quando, em um estado de tensão, ocorre uma ruptura no equilíbrio interno do organismo. Como existe uma tendência natural a buscar o equilíbrio, um esforço extra é feito para se reestabelecer a homeostase interior, o que pode gerar certo desgaste, já que se exige a utilização de reservas de energia mental e física. 

Se conseguir utilizar estratégias adequadas de enfrentamento, elimina-se o stress e resgata-se o equilíbrio. Caso isso não aconteça, pode ser que se sofra as conseqüências do stress excessivo. Os sintomas podem ser: sensação de desgaste físico constante, tensão muscular, problemas gástricos, problemas dermatológicos, depressão, esquecimento de coisas corriqueiras, irritabilidade excessiva, sensação de incompetência, tendência a repetir um mesmo assunto, queda de produtividade, entre outros.   

Existem fontes de stress internas e externas. As fontes estressoras internas se referem ao modo de ser, crenças e valores e modo de agir. Estas podem, em alguns momentos, tornarem-se verdadeiras fábricas de stress. As fontes externas são tudo o que acontece fora do organismo como, por exemplo, a violência urbana! A violência é uma fonte externa de stress, mas pode ser um gatilho para despertar fontes internas importantes. Por exemplo: Um assalto em uma rua escura no passado, isso não significa que novamente irá por uma situação de perigo ao passar por outra rua escura. Mas, se pensar desta forma, poderá entrar em um estado de alerta e experienciar sentimentos negativos. Apesar disso, provavelmente nada de ruim aconteceria nesta rua. Ao interpretar uma situação de maneira distorcida, exagerada, depara-se com um nível de tensão maior do que o se gasta de energia desnecessariamente.

Existem evidências reais de que vivemos em uma cidade violenta e podemos em algum momento estar expostos a esta violência. Entretanto, algumas pessoas, mesmo ficando abaladas, conseguem manter um equilíbrio possível, outras reagem de forma desproporcional, utilizando uma maneira de pensar bastante estressante: podem, por exemplo, aumentar a probabilidade de um evento ruim vir a acontecer, ou seja, começam a agir como se a cada momento em que pensassem em algo ameaçador este evento estivesse prestes a realmente acontecer.

As conseqüências são reações de proteção exageradas (evitações), trazendo conseqüências físicas (tensão, taquicardia, náusea, sudorese...) e psicológicas (sensibilidade emotiva excessiva, irritabilidade) negativas para o indivíduo. O que é perceptível é que o modo como interpretamos determinados eventos, como pensamos sobre as situações, pode gerar estados de stress. E não necessariamente a situação em si. Ou então, todas as pessoas reagiriam da mesma forma aos mesmos eventos.

Reestruturar a forma de pensar e agir neste complicado cenário atual, é certamente uma maneira interessante de se prevenir o stress excessivo, já que não é possível se livrar por completo de algumas fontes estressoras externas. 
 
Dicas para evitar stress:
- Manter uma alimentação saudável. Quando estamos estressados, gastamos energia. É importante conseguir repor o que perdemos! Uma dieta adequada - rica em cálcio, magnésio, ferro, vitaminas do complexo B e vitamina C - é indicada
 
- Estar em contato com atividades prazerosas e relaxantes. A sensação de “calma mental” e alívio da tensão muscular fazem diferença na qualidade de vida
 
- Praticar exercícios físicos. A liberação de beta-endorfina que a atividade física continuada proporciona ao organismo ajuda na sensação de relaxamento e na melhora do humor
 
- Identificar os estressores ao seu redor e desenvolver estratégias adequadas de enfrentamento. Se isso for difícil, peça ajuda!  
 
Dra Marcele Regine de Carvalho: Psicóloga Clínica especialista na Abordagem Cognitivo-Comportamental, Doutoranda em Saúde Mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Saúde Mental pela UFRJ, Especialista em Psicologia Hospitalar e da Saúde pela Santa Casa de Misericórdia/ RJ, Pesquisadora do INCT Traslacional Medicine, Professora Universitária e de Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu da UFRJ. O CPCS fica na Barra da Tijuca.

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