O indispensável apoio dos brasileiros a Comissão da Verdade

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Publicado Segunda, 09 de Abril de 2012 às 05:38, por: CdB

Aproximamo-nos da reta final da escolha e nomeação pela presidenta Dilma Rousseff, dos sete nomes que integraão a nossa Comissão da Verdade nacional. O processo anda e, paralelamente são aprovadas e instaladas várias comissões da verdade estaduais e municipais - as de São Paulo, capital e Estado já se encaminham para funcionamento - enquanto a da Câmara dos Deputados já tomou, semana passada, os primeiros depoimentos de agricultores testemunhas da Guerrilha do Araguaia.

Os nomes da Comissão da Verdade nacional são evidentemente importantes e não faltarão brasileiros e brasileiras que lutaram contra a ditadura para a presidenta da República compor o colegiado. Mas, o que conta realmente é o respaldo à Comissão em todo o país, não apenas o dado pelas comissões estaduais e municipais nas assembleias legislativas e câmaras municipais mas, também e principalmente, o apoio dos familiares de mortos e desaparecidos, dos anistiados, do Congresso Nacional, universidades, sindicatos, igrejas, e da juventude.

E este (apoio), já existe de parte de todas estas instituições e segmentos. Como ficou evidente na manifestação semana passada em frente ao Clube Militar, no Rio - lá dentro militares viúvas da ditadura, celebravam o que nunca devia ter sido nem tem razão para ser celebrado, os 48 anos do golpe.

Ato de escracho dessa vez foi em frente a casa de Harry Shibata

E com o novo "ato de escracho" do Movimento Levante Jovem Popular, acampado no fim de semana (sábado) em frente a casa do médico Harry Shibata, legista acusado de acobertar tortura durante a ditadura militar. Acusado só não, ele mesmo confessou várias vezes que assinou atestados de óbito de assassinados pela ditadura sem ver os corpos - diz que era uma prática comum entre legistas no IML do qual ele foi diretor.

Aliás, falando sobre essa comemoração esdrúxula no Rio, que nunca devia ter ocorrido, do golpe de 64, convém registrar que site "A verdade sufocada", de militares viúvas da ditadura, se auto-atribuindo a um esforço de jornalismo investigativo publicou foto, nome, profissão e endereço eletrônico de cinco jovens participantes daquela manifestação em frente ao Clube MiIlitar no 31 de março e que acabou em tumulto.

Jornalismo investigativo coisa nenhuma. Arapongagem pura. Jornalísticamente, que interesse há em publicar foto, nome, profissão e endereço eletrônico de participante de manifestação?

Portanto, insisto, o que vai definir a nossa Comissão da Verdade nacional e sua eficácia é o envolvimento da sociedade organizada, das universidades e dos historiadores, das entidades nacionais como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), União Nacional dos Estudantes (UNE), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), das centrais sindicais, dos arquivos abertos, dos pesquisadores que neles se concentrarão, e dos partidos que lutaram contra a ditadura.

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Edição digital

 

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