O "Eixo do Mal" na Tríplice Fronteira

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Publicado Quarta, 09 de Abril de 2003 às 17:07, por: CdB

Enquanto as imagens da CNN anunciam a "libertação de Bagdá" por parte das tropas invasoras anglo-norte-americanas, e Bush ameaça com o extermínio completo dos povos que resistem a suas pretensões imperiais, todos integrantes do "Eixo do Mal", acendem-se as luzes de alerta na Tríplice Fronteira da Argentina, Paraguai e Brasil, onde o governo argentino pretende autorizar a entrada de oficiais da Marinha norte-americana. O tema está em debate em diferentes âmbitos políticos e jurídicos. Nestes dias tenta-se iniciar na Comissão de Defesa da Câmara de Deputados a análise do projeto de lei remetido pelo presidente Eduardo Duhalde, que autoriza a entrada temporária de pessoal militar estrangeiro para realizar exercícios militares no país. A iniciativa permite que o Poder Executivo ofereça privilégios e imunidade ao pessoal militar de outros países durante sua permanência no país. O pedido dos EUA de imunidade para seu pessoal, diante de um possível requerimento pela Corte Penal Internacional, foi o fator que impediu, em outubro do ano passado, a realização de manobras com a presença de oficiais norte-americanos na província de Missões, segundo admitiu o Ministro de Defesa Horacio Jaunarena, em entrevista coletiva realizada hoje, 9 de abril. Nos anos anteriores (2000 e 2001), haviam sido realizados na província de Salta os Operativos Cabañas, com a participação de 1500 oficiais do Chile, Bolívia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai, dirigidos pelo Comando Sul do Pentágono, sem a devida autorização do Congresso Nacional. Segundo documentos do governo argentino, o objetivo desse treinamento seria criar um "comando militar unificado" para combater o "terrorismo na Colômbia além de um campo de batalha composto por civis, organizações não-governamentais e potenciais agressores". O comando atuaria na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. O chefe interino do Comando Sul do Exército norte-americano, Gary Speer, ao informar ao parlamento norte-americano sobre a "Guerra contra o terrorismo e a política estadunidense na Colômbia", defendeu que existe na Tríplice Fronteira uma ameaça terrorista que, se "não for exposta e removida, representa um potencial perigo tanto para nossa segurança nacional como para a de nossos vizinhos". Também informou que as forças de inteligência (CIA, FBI) monitoram "atividades terroristas há anos, incluindo incidentes como os ataques com bombas contra a embaixada israelita em Buenos Aires e a sede da associação de serviços médicos judia na Argentina, em 1992 e 1994, atribuídos ao Hezbolá". Estas acusações, no entanto, nunca foram comprovadas, já que se basearam em provas pueris, como a constatação do envio de remessas de dinheiro da comunidade árabe (vivem na zona, desde os últimos 50 anos cerca de 15.000 árabes) a familiares em seus países de origem, assim como nas freqüentes comunicações telefônicas. O certo é que a Tríplice Fronteira é uma região estratégica para os Estados Unidos, como porta de acesso para a região amazônica, como reserva de água doce - uma das mais importantes do mundo - e por suas riquezas ecológicas. Também se pode analisar a intenção do governo norte-americano de estabelecer um lugar de controle permanente sobre a região, na qual os movimentos de trabalhadores rurais sem-terra do Brasil e Paraguai têm força, os quais em diferentes documentos norte-americanos são apontados como uma possível "ameaça" para os interesses norte-americanos no seu quintal. Para este ano estão anunciados, também, exercícios militares com a presença de marines norte-americanos, nas províncias de Mendoza e San Luis. Todos eles fazem parte da preparação de uma eventual intervenção militar conjunta dos exércitos latino-americanos, comandada pelos Estados Unidos na Colômbia, como parte do Plano Colômbia. Apontam, simultaneamente, a chance de uma presença militar norte-americana permanente na Argentina, que se estenderia até a região mais ao sul. A população da Terra do Fogo denu

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