Número de mortos no Rio devido às chuvas se aproxima de 100

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Publicado Terça, 06 de Abril de 2010 às 16:15, por: CdB

A chuva que atinge o Rio de Janeiro nesta terça-feira, há mais de 40 horas ininterruptas, deixa um rastro de 95 mortes no Estado, informou o Corpo de Bombeiros. Por volta das 17h, segundo a agência meteorológica Climatempo, voltou a chover forte na cidade. De acordo com a corporação, o número de mortos pode aumentar porque diversos corpos ainda não foram retirados de escombros, em Niterói.

– Há pessoas soterradas e desaparecidas. O Corpo de Bombeiros está revirando terras e escombros em muitos locais e o trabalho é árduo. Como voltou a chover, estamos abrindo nossos frontes de trabalho – disse a jornalistas o sargento Lúcio, do Corpo de Bombeiros.

O número de feridos socorridos pela corporação até o início da noite era de 47. A maioria das mortes aconteceu em Niterói, no Grande Rio, disseram os Bombeiros, mas também há vítimas fatais na capital, em São Gonçalo e Nilópolis. No morro do Borel, na Tijuca, a bebê Ana Marcele Barbosa, de cinco meses, uma jovem de 16 anos e Francisca Bezerra de Souza, 60 anos, morreram soterradas no desabamento da casa em que estavam. Outras 12 pessoas ficaram feridas.

No morro dos Macacos, em Vila Isabel, foram cinco vítimas fatais, todas de uma mesma família que morava na rua Senador Nabuco. Um deslizamento de terra causou mais cinco óbitos no Morro do Andaraí e outros três no Morro do Turano, ambos na zona norte. A tragédia também fez uma vítima no bairro de Jacarepaguá, na Zona Oeste. A Defesa Civil contabilizou 12 mortos e 15 feridos no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. O caos também se abateu sobre a Região Metropolitana.

No Rio, as aulas foram canceladas e a população foi orientada a permanecer em casa e deixar áreas de risco. Foram registrados pelo menos 180 deslizamentos e há ainda muitos desaparecidos. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) informou que em menos de 24 horas choveu em média 288 mm na cidade, e que havia pelo menos 10 mil residências em locais de risco, principalmente em morros e favelas.

– A situação é de caos. É a maior chuva das grandes tragédias da história do Rio de Janeiro. Todas as vias estão interrompidas e é um risco enorme para quem tentar sair de casa. Não saiam de casa, não levem seu filho à escola até que possamos avaliar melhor a situação e alterar a orientação. Ainda chove muito. Se preservem e tomem muito cuidado, principalmente as pessoas que moram em áreas de risco. A situação é muito crítica – disse o prefeito, em uma das várias entrevistas que concedeu ao longo do dia.

Segundo o Climatempo, num período de 12 horas entre segunda e esta terça-feira choveu o previsto para todo o mês de abril. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao Rio de Janeiro, cancelou a agenda prevista ao Complexo do Alemão, onde inauguraria obras do Programa de Aceleração do Crescimento na comunidade.

– As enchentes atingem sempre as pessoas que moram em locais pobres, em locais inadequados. Temos que esperar passar a chuva para cuidar das pessoas – disse Lula a jornalistas, no Rio, antes de participar de evento na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Ele ofereceu ajuda por telefone ao prefeito Eduardo Paes e ao governador do Rio, Sérgio Cabral.

Pontos de alagamento

A Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul da cidade, transbordou e inundou as pistas em seu entorno. A Praça da Bandeira, na região central, alagou logo no início do temporal na segunda-feira e diversos carros que estavam no local ou que tentavam cruzar a região ficaram submersos, muitos foram abandonados.

Ainda segundo o Climatempo, a chuva ainda deve atingir o Rio. Uma forte frente fria avança pelo Sudeste do Brasil e o intenso contraste térmico entre o ar polar e o ar quente tropical mantém as condições de chuva constante. Além disso, a temperatura superficial das águas do Atlântico, perto do litoral fluminense, está cerca de 2°C acima do normal.

Em menos de 12 horas foram acumulados, em algumas áreas da cidade, cerca de 300 mm de chuva. No geral o volume acumulado variou entre 150 e 300 mm. O volume normal para todo o mês de abril é de cerca de 140 mm. Ainda chove de forma constante ao longo do dia de hoje, totalizando pelo menos cerca de 70 mm nesta terça-feira. Além disso, o mar sobe muito nas próximas 24-36 horas. Há previsão de ressaca entre esta quarta e quinta-feira.

Aeroportos

O aeroporto Santos Dumont ficou fechado para pousos e decolagens durante três horas na manhã desta terça-feira. O terminal alternou períodos de funcionamento e suspensão das atividades. Às 16h, o boletim da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) registrava 28 atrasos (27,5%) e 68 cancelamentos (66,7%).

Ainda de acordo com a Infraero, o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) , que operou por instrumentos durante o dia, também tinha problemas, com 38 dos 78 voos atrasados (48,7%) às 16h.

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