Noel: O poeta da Vila faz 100 anos

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Publicado Segunda, 15 de Março de 2010 às 06:30, por: CdB

Quem já ouviu sambas inesquecíveis como Feitiço da Vila, Com que Roupa, entre outros, conhece o estilo inconfundível: bem-humorados e exaltando o bairro de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Este estilo pertence à Noel Rosa, compositor e poeta, que completaria 100 anos se estivesse vivo em 2010. O bairro tão cantado por Noel hoje guarda uma estátua dele e a herança musical pode ser percebida ao caminhar pelas calçadas do bairro.

Ao dar uma volta pelo Boulevard 28 de Setembro, poucas pessoas notam, mas as calçadas são desenhadas com as partituras de composições conhecidas da música popular brasileira, como Carinhoso, de Pixinhguinha. As músicas de Noel, claro, não poderiam ficar de fora. Entre as partituras desenhadas está Feitiço da Vila.

O autor de Carinhoso foi um grande nome da música, mas foi Noel Rosa quem representou melhor a alma boêmia do Rio de Janeiro. Noel era figura conhecida nos principais bares e botecos da Vila Isabel do começo do século XX. Inclusive ele tem uma canção bem conhecida, intitulada Conversa de Botequim, que bem traduz a vivência de um boêmio em um bar carioca: “Seu garçom faça o favor de me trazer depressa/ Uma boa média que não seja requentada/ Um pão bem quente com manteiga à beça/ Um guardanapo e um copo d'água bem gelada (...)”, diz um trecho da letra.

Uma vida de dificuldades

Noel nasceu em 11 de dezembro de 1910, em parto  complicado. Os médicos tiveram que usar o fórceps, o que acabou por trazer uma complicação no queixo do poeta, que se tornou sua marca bem conhecida e a acompanhou durante toda a vida. O sambista tinha vergonha de sua condição e tinha receio de sair à rua e só se sentia à vontade mesmo quando estava em um bar ou compondo suas obras.

O gosto pela vida boêmia, paradoxalmente, foi também um dos motivos que dificultaram a luta contra a tuberculose. Periodicamente, Noel viajava para a Serra fluminense a fim de tirar do ar fresco um remédio para sua doença. Pouco adiantava. Assim que ele retornava à sua amada Vila, os problemas voltavam.

Durante a juventude, Noel Rosa chegou a entrar na faculdade de medicina, orgulho de sua família, mas preferiu seguir a carreira de sambista. Sorte do Rio, que ganhou um de seus maiores ícones.

Com apenas 26 anos, Noel Rosa faleceu em decorrência da tuberculose. Noel morreu em 4 de maio de 1937, durante o governo de Getúlio Vargas, que estava na fase inicial do Estado Novo.

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