No Mato Grosso do Sul, indígenas Guarani Kaiowá correm novamente risco despejo

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Publicado Quinta, 22 de Setembro de 2011 às 11:46, por: CdB

Apreensivos. É assim que Flávio Machado, coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Mato Grosso do Sul (MS), descreve a situação dos indígenas Guarani Kaiowá da terra Laranjeira Nhanderu, localizada no município de Rio Brilhante (MS). Cerca de 150 indígenas correm o risco de serem expulsos a qualquer momento de sua terra sagrada. Juízes da 2ª Vara Federal de Dourados/MS determinaram o despejo da comunidade que ocupa a área. O prazo para cumprimento da decisão judicial terminou ontem (21).

Machado explica que os indígenas ainda permanecem no local. De acordo com ele, a ordem da Justiça determinava que a Fundação Nacional do Índio (Funai) deveria realizar o despejo. Com o fim do prazo, ele acredita que a Fundação enviará um documento aos juízes justificando que a ordem não foi cumprida por falta de efetivo e por não ter para onde levar os indígenas.

Enquanto isso, o clima de apreensão toma conta da comunidade. "O despejo pode ser a qualquer momento e eles estão com medo de voltar para a beira da rodovia”, comenta. A estrada destacada pelo coordenador do Cimi é a BR 163, uma das principais vias do estado. Foi lá que os indígenas ficaram acampados durante um ano e oito meses, após o primeiro despejo.

O integrante do Cimi comenta que será difícil que os indígenas retornem para a beira da estrada. Isso porque até mesmo os barracos deixados pelos indígenas - antes da retomada da terra sagrada - foram destruídos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) do estado.

"O Dnit derrubou e queimou todos os barracos da beira da pista. Ou seja, não podem nem voltar pra lá. Desse jeito, eles querem os indígenas é debaixo da terra”, desabafa. A indignação de Flávio e dos integrantes do Cimi é compartilhada com outras organizações sociais. Ontem, diversos movimentos foram à comunidade para se solidarizar com a luta indígena e declarar apoio à causa.

Terra Laranjeira Nhanderu

Esta não é a primeira vez que os indígenas Guarani Kaiowá enfrentam um processo de despejo de Laranjeira Nhanderu, considerada por eles como terra sagrada. Em setembro de 2009, foram expulsos do local após uma tentativa de retomada do território.

Sem ter um local para ir, a comunidade montou acampamento na BR163, onde permaneceu durante um ano e oito meses sem infraestrutura adequada e exposta à violência. Cansados de esperar por uma solução do Estado, em maio deste ano, os Guarani Kaiowá novamente ocuparam Laranjeira Nhanderu, de onde agora podem ser expulsos a qualquer momento.

A principal reivindicação, segundo Flávio, é a demarcação das terras. "A demanda é que a Funai conclua logo o processo de estudo e identifique a terra a fim de demarcação”, afirma, lembrando que a luta por terra dos Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul já dura mais de 30 anos.

Solidariedade

O integrante do Cimi ainda faz um apelo à sociedade civil para que apoie a luta indígena. "Pedimos à sociedade que se mobilize, envie cartas ao judiciário para garantir a permanência dos indígenas na área”, solicita, destacando que a terra ocupada é uma área de preservação ambiental. "Não há nenhum empecilho para que eles permaneçam enquanto não sai o estudo e a terra não é demarcada”, considera.

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