Negociação de paz da Colômbia começa em outubro na Noruega

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Publicado Terça, 04 de Setembro de 2012 às 11:16, por: CdB

Negociação de paz da Colômbia começa em outubro na Noruega Legenda: O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pronuncia-se à nação no palácio presidencial em Bogotá (reuters_tickers)

Por Helen Murphy

BOGOTÁ, 4 Set (Reuters) - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou na terça-feira que seu governo iniciará uma negociação de paz com a guerrilha Farc no mês que vem na Noruega, e que posteriormente o processo será transferido para Cuba.

Mas, ao contrário do que ocorreu nas frustradas tentativas anteriores de acordo, desta vez não haverá cessar-fogo, afirmou o presidente em rede nacional de TV. "Peço ao povo colombiano que tenha paciência e força. Não há dúvida de que é hora de virar a página."



Outra diferença no novo processo é que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, lutando desde 1964, desta vez chegam à mesa de negociações notavelmente enfraquecidas, após uma década de uma ofensiva militar contra elas apoiada pelos EUA.

"Há pessoas como eu que não conhecemos um só dia de paz", disse Santos, ex-ministro da Defesa que há dois anos se tornou presidente. "Temos de pegar o sonho de viver em paz e torná-lo realidade."



Apesar do seu enfraquecimento, a guerrilha, que mantém ligações com o narcotráfico, continua presente em alguns bolsões da selva colombiana, e nos últimos meses intensificou seus ataques contra instalações de mineração e exploração de petróleo. Alguns analistas viram nisso uma tentativa de demonstrar poder antes das negociações.

Em uma mensagem de vídeo transmitida a jornalistas em Cuba, o líder das Farc, Rodrigo Londono, conhecido pelo apelido de Timochenko, defendeu um "diálogo civilizado" para acabar com o derramamento de sangue.

Santos disse que a Venezuela e o Chile vão apoiar o diálogo, que deve ocorrer "sem interrupções", mas que será encerrado se não resultar em avanços. Críticos do processo de paz temem que a guerrilha use o período de negociações para se fortalecer e prolongar a guerra.

O ex-presidente Álvaro Uribe, ex-padrinho político de Uribe, tem acusado o presidente de ceder aos "terroristas", e descreveu as negociações como "graves".

"O governo chega a esse diálogo numa posição de fraqueza, e o terrorismo numa posição de força ressurgente", disse Uribe. "A segurança se deteriorou significativamente nos últimos dois anos."



Santos prepara a instauração do processo de paz desde que tomou posse. Ele iniciou uma reforma agrária que deverá devolver terras roubadas pelos rebeldes e por grupos paramilitares, e também tenta aprovar uma reforma constitucional que estabeleça a base jurídica do processo de paz, proibindo, por exemplo, que líderes guerrilheiros acusados de crimes contra a humanidade ocupem cargos públicos.

A escolha da Noruega e de Cuba como locais do encontro, e da Venezuela e do Chile como países apoiadores, representa um equilíbrio ideológico para que ambas as partes se sintam confortáveis.

A Noruega é conhecida por assumir papéis de mediação internacional; Cuba e Venezuela têm governos socialistas, com os quais as Farc têm afinidades políticas; o Chile tem um governo conservador aliado de Bogotá.

Reuters

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