Mostra "Fashion Passion" conta a história dos 100 anos da moda

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Publicado Sábado, 11 de Setembro de 2004 às 06:28, por: CdB

Os fãs de moda vão trocar as rampas do prédio da Bienal, onde acontecem os desfiles da São Paulo Fashion Week, pelas do pavilhão da Oca, também no parque Ibirapuera, para uma aula sobre os 100 anos da arte do vestir.

"Fashion Passion", megaexposição que começa na quarta-feira, contará, entre outras coisas, como as viagens de Paul Poiret ao Oriente, no começo do século passado, influenciaram suas criações ou como o espartilho deu lugar ao tailleur de tweed de Coco Chanel.

O público também poderá ver os primórdios do vestido estilo Cinderela, pelas mãos de Christian Dior, que resolveu apostar numa silhueta de sonho e glamour depois dos anos difíceis da Segunda Guerra.

São mais de 140 criações de 26 estilistas internacionais, além de centenas de fotografias inéditas, que serão exibidas na Oca, até 5 de dezembro.

Orçada em 6 milhões de reais, a mostra levou dois anos para ficar pronta, entre negociações da BrasilConnects e o curador-geral, o francês Jean-Louis Froment.

Para Froment, a exposição aconteceu com a ajuda de vários "milagres", como a aceitação de diversas grifes em dividir o mesmo espaço.

"Conseguimos reunir costureiros e estilistas que estão sempre em competição, em confrontação. Foi uma verdadeira aventura conseguir reuni-los", disse Froment em entrevista à imprensa na quinta-feira, em São Paulo, citando algumas maisons, como Chanel, Dior e Cristobal Balenciaga.

Para ele, o fato de a mostra acontecer no Brasil ajudou muito por ser um território neutro e um mercado em potencial para todas as grifes.

Pioneiro ao desbravar o Oriente, Poiret comparece no primeiro dos 10 pavilhões, intitulado "Os Viajantes do Extremo", ao lado de John Galliano e Christian Lacroix.

Em seguida vem Coco Chanel, que ganha um módulo só para ela, onde é abordada a produção dos anos 1920 a 1960, além da fase Chanel por Karl Lagerfeld, trazendo também o trabalho do estilista como fotógrafo.

Dior vem junto com Olivier Theyskens e Galliano, em "O Mistério do Vestido Cinderela"; e Balenciaga está em "A Costura Sublimada", com Junya Watanabe e Andre Courreges.

Outros criadores apresentados são Vivienne Westwood, Yves Saint Laurent, Gianni Versace, Yohji Yamamoto, Comme des Garçons, Viktor & Rolf, Azzedine Alaia, Junya Watanabe, Thierry Mugler, Charles James e Martin Margiela.

Em cada um dos pavilhões, o Brasil aparece de forma discreta, seja com objetos da cultura brasileira, como fantasias de carnaval, ou com obras de arte. Nesse caso, alguns exemplos são a instalação "A Negra", de Carmela Gross, "Manto da Apresentação", de Arthur Bispo do Rosário, o "Vestido de Sereia", de Fanny Feigenson, e "Parangolé", de Hélio Oiticica.

"Evidentemente não temos todo esse peso e todo esse tempo (da moda européia), por isso entramos com a cultura do imaginário brasileiro", explica Gloria Kalil, curadora da parte brasileira da exposição, ao lado de Regina Guerreiro.

Mas, além dessas respostas brasileiras aos pavilhões internacionais, o Brasil terá o segundo andar da Oca povoado de estilistas nacionais.

"O conceito (da escolha dos estilistas) não foi ir atrás dos melhores ou dos mais badalados. Nada disso", avisou Kalil. "Não se preocupem se sicrano ou fulano não estão na exposição."

A idéia, segundos as curadoras, foi buscar roupas de estilistas que, em algum momento da carreira, trabalharam com a identidade brasileira.

Aqui, o público poderá ver uma profusão de cores, especialmente o verde e o amarelo, com muito jeans e moda praia, em cerca de 60 looks. Estão presentes estilistas como Alexandre Herchcovitch, Amir Slama, Karlla Girotto, Reinaldo Lourenço, Caio Rocha e Ellus.

Em painéis, fotografias dão conta da moda usada nas ruas, assim como registros de editoriais de revistas e looks de modelos brasileiras que ficaram conhecidas lá fora.

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