Minas Gerais ganha museu com esculturas gigantes ao ar livre

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Publicado Quarta, 22 de Setembro de 2004 às 14:23, por: CdB

Ao redor de um jardim projetado por Roberto Burle Marx, em meados dos anos 1980, um gigantesco parque de esculturas se formou nos últimos cinco anos, em uma propriedade cravada em uma cidadezinha a 60 quilômetros de Belo Horizonte.

O Centro de Arte Contemporânea Inhotim, na cidade de Brumadinho, transformou o então jardim particular de cerca de 60 mil metros quadrados em um de 300 mil, pontuado por obras de grande escala de artistas como Cildo Meireles, Amilcar de Castro e Paul McCarthy.

O Caci, como ficou conhecido, ainda está em fase de finalização e será apresentado na próxima segunda-feira a convidados especiais, aproveitando o fluxo de estrangeiros que chegam ao país para a Bienal de São Paulo, que abre no domingo. Para o público, será apenas em março de 2005.

Idealizado pelo colecionador Bernardo Paz, ex-empresário da área de mineração, o museu conta com cerca de 450 trabalhos de artistas nacionais e internacionais, em uma coleção voltada especialmente para a produção a partir dos anos 1960.

Além das cerca de 10 esculturas espalhadas pelos jardins, há também mais sete pavilhões com área total de 6 mil metros quadrados. Às margens de um lago com patos e cisnes negros, dois prédios semi-envidraçados exibem trabalhos de Tunga, um deles uma grande instalação com peças vermelhas e objetos de laboratório transparentes.

Essa obra, "True Rouge", teve um pavilhão especialmente construído para ela, assim como um trabalho inédito no Brasil de Cildo Meireles, chamado "Através", em um terceiro prédio.

Outro destaque é a série de 11 fotografias de Vik Muniz feita sob encomenda para a coleção, realizada entre 2002 e 2003, quando o artista tirou fotos aéreas de seu desenhos gigantes realizados no solo da região.

Hélio Oiticica, Ernesto Neto, Iran do Espírito Santo, Marepe, Adriana Varejão, José Damasceno e Rivane Neuenschwander são outros brasileiros presentes nos pavilhões, ao lado da canadense Janet Cardiff, dos alemães Albert Oehlen e Franz Ackermann.

ÓASIS DE OBRAS

Afastado dos centros urbanos, o museu poderia ser classificado uma verdadeira ilha da fantasia para artistas e apreciadores. Para chegar lá, uma região de fazendas e empresas mineradoras, é necessário um pouco mais de uma hora de carro, saindo de Belo Horizonte, e um bom mapa para chegar sem erro à estrada de terra que ao local.

Uma das principais idéias do projeto, segundo seus idealizadores, é que o espectador realmente se afaste da cidade e mergulhe numa experiência única, que poderá ser feita com calma e talvez o dia todo.

Para o professor e curador independente Agnaldo Farias, que visitará o museu na segunda-feira, a importância do Caci está na qualidade das obras de grande escala e no espaço único no país.

"São obras muito características da arte contemporânea, mas que no Brasil não têm a menor absorção, em parte porque os museus brasileiros, sem exceção, não têm como acomodá-las", explicou Farias por telefone.

Como exemplo de outros parques de esculturas pelo mundo, Farias lembrou o Storm King Art Center, a 90 quilômetros de Nova York, com trabalhos gigantes de Calder, Richard Serra e Isamu Noguchi. São 2 milhões de metros quadrados de área total -- o Caci tem 1,5 milhão.

Jornalistas de alguns estados do país foram convidados pelos organizadores a visitar na terça-feira o museu na companhia dos curadores brasileiros responsáveis pela primeira exposição, Ricardo Sardenberg e Rodrigo Moura.

Apesar disso, nenhuma informação foi dada sobre como será a manutenção e a parte operacional do museu. O dono da coleção, Bernardo Paz, fez comentários sobre "a aventura de transformar seu sonho em realidade", mas não respondeu perguntas.

Quanto às visitações públicas, estas serão estudadas nos próximos meses, até a abertura em março. É possível que haja transporte da capital mineira até Brumadinho, e que o ingresso seja cobrado.

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