Metrô não acompanha demanda, atrasa e superlota; número de panes quase dobrou

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Publicado Quarta, 14 de Março de 2012 às 05:27, por: CdB
Metrô não acompanha demanda, atrasa e superlota; número de panes quase dobrou

Sistema sofre de automação, terceirização, carência de profissionais e de investimento

Por: Jessika Marchiori

Publicado em 14/03/2012, 11:07

Última atualização às 11:07

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São Paulo – Ostestes de um novo sistema de sinalização chamado CBTC, sigla eminglês para Controle de Trens Baseado em Comunicação – emportuguês mais claro, trens operados remotamente – , e o aumentoda demanda estão entre as explicações para as falhas constantes nometrô de São Paulo. O número de ocorrências passou de 32 em 2010para 59 em 2011.

Paulo Pasin,secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo epresidente da Federação Nacional dos Metroviários afirma que asfalhas aumentam porque o sistema deveria ser ampliado há muitotempo: “Os sucessivos governos não deram a atenção devida eestamos com um sistema extremamente defasado. Se não houver umaexpansão, a população será cada vez mais penalizada”.

O CBTC começou a serinstalado há um ano e meio, em caráter experimental, na linha 2Verde, entre as estações Vila Prudente e Sacomã. Segundo Pasin, aoinvés de solucionar problemas, o modelo provoca ainda mais falhas.“O novo sistema tem ocasionado problemas a uma linha que não tinhamuitas ocorrências”. Com a circulação dos trens prejudicada, osefeitos da superlotação se agravam. As panes vão de bloqueios deportas por usuários a defeitos técnicos nos sistemas de controledas composições.

Os novos trens nãopossuem portas laterais e isso dificulta o trabalho dos operadoresnas falhas conhecidas como "carrossel". Quando há umpouco mais de demora para resolver o problema, o reflexo se dá emtodas as estações e a consequência é a paralisação dos trens.“Quando o trem fica desenergizado, o ar-condicionado desliga. Faltaventilação e a operação para a abertura de portas é muitomaior”, alerta Pasin.

A superlotação e afalta de trens são as principais queixas dos usuários do metrô.Rosana Moreira, auxiliar de cobrança, que mora na Vila Ema, reclamados trens lotados e do tempo que perde para conseguir embarcar. “Afila é imensa nas estações e para embarcar é uma dificuldade”,reclama.

De acordo com dadosfornecidos pelo Metrô, a linha 2 Verde concentra o maior número deparalisações. Os casos mais que triplicaram no período, subindo desete (2010) para 24 (2011).

A falta de funcionáriosé um outro grave problema apontado por Pasin. O aumento no númerode funcionários poderia resolver parte dos problemas crônicos dotransporte metroviário. “Mais operadores de trens durante o diaajudaria a reduzir as paralisações, a melhorar o atendimento e asegurança e aliviaria um pouco a superlotação.”

O comerciante CarlosAugusto Cerqueira, que pela primeira vez fazia a viagem da Penha,bairro da zona leste da capital paulista para o centro de SãoPaulo, se assustou com a situação. “Saí de casa às 6h20 e estouchegando às 7h58. Para embarcar tive de ir até a estação Itaquerae esperei mais 20 minutos. É muito cheio e para ‘melhorar’ aindamais a situação,as pessoas ficam na porta e quem precisa sairprimeiro enfrenta outro transtorno”.

A companhia do Metrôde São Paulo informa que a extensão atual da rede é de 74,3quilômetros, sendo 65,3 da rede Metrô-SP e de nove quilômetros deextensão da Linha 4-Amarela, da ViaQuatro. A previsão é que a redemetroviária atinja mais de 100 quilômetros até 2014.

Pasin destaca aindacomo agravante da situação a terceirização dos serviços. Deacordo com ele, cada vez mais se retira do metroviário a funçãode cuidar da manutenção da rede para terceirizar o trabalho, o quenão garante a qualidade do serviço. “Quando a função éexercida pelos metroviários a qualidade é muito maior. Nossacapacidade é reconhecida internacionalmente e não é à-toa que acompanhia dá consultoria para a construção de muitos metrôs poraí, mas, infelizmente, a terceirização é política do governo doestado”, avalia o sindicalista.

A Companhia do Metrôalega que no ano passado as chances de falhas aumentaram por conta deos trens percorrerem 1,7 milhão a mais do que em 2010. Com aperspectiva de ampliação da malha metroviária em 2012, é de seesperar que as falhas aumentem ainda mais. Até o dia 29 de fevereirodeste ano, foram contabilizadas oito ocorrências.

O sindicato dosmetroviários desenvolve, em conjunto com outras entidades sindicais,há mais de um ano, uma campanha pela ampliação do metrô, por ondecirculam diariamente mais de quatro milhões de pessoas. “Tem queter mais metrô. Estamos correndo atrás de 30 anos de prejuízo”,destaca Paulo Pasin.

 

 

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