Até então reticente em falar abertamente do apoio ao senador José Sarney (PMDB-AP), o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP), futuro líder do governo, mudou o tom nesta quinta-feira e não disfarça a preferência do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa à presidência do Senado. É o sinal que faltava para o partido do governo se definir pela ala dissidente do PMDB e ampliar a dissidência interna da legenda. "Qual é o problema da gente torcer pelo Sarney da mesma forma que o Fernando Henrique pode torcer pelo Renan?", questiona. Segundo ele, o que tem dificultado o acordo entre o PT e o PMDB na eleição dos presidentes da Câmara e do Senado não são os nomes mas, sim, o fato de a cúpula peemedebista ter desrespeitado o acerto feito com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Mercadante diz que o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e o líder Renan Calheiros (AL) propuseram a Dirceu que o partido e o governo aguardassem a eleição das presidências sem buscar novas filiações. "Nós seguimos o que estava combinado, mas eles não", defende. "O PMDB não pode ficar aliciando senadores artificialmente e alterando a composição das bancadas." Também ficou acertado que os partidos apoiariam a indicação para os cargos feitas pela maiores bancadas. Ele diz que conversou sobre isso com Renan na quarta-feira. "Temos um acordo de procedimentos e é isso que deve valer", alega. Um demonstração de boa vontade do partido, na avaliação do futuro senador, seria o adiamento da filiação do senador Romero Jucá (PSDB-RR) para depois da eleição das Mesas. "Nós não vamos particpar desse jogo", insiste. Aloizio Mercadante defende a manutenção de dois compromissos feitos com o PMDB para ressuscitar o acordo: o distanciamento dos peemedebistas de eventual articulações para formação de blocos e o fim do aliciamento de novos senadores. Ele afirma que o governo quer o "apoio incondicional" de todos os partidos, mas que não vai insistir em fechar compromissos com dirigentes que não cumprem o acertado. "Estamos abertos ao dialogo", afirma. Em campanha O certo é que as dificuldades na aproximação do PT com a cúpula peemedebistas, acentuada esta semana, terminaram favorecendo a candidatura do senador José Sarney. No próximo dia 17, ele iniciará sua campanha na Paraíba, acompanhado do governador do Paraná, Roberto Requião e de outros políticos do grupo dissidente do PMDB. Sarney participará de um seminário que está sendo organizado pelo senador eleito José Maranhão (PMDB-PB). O ministro José Dirceu tem atuado intensamente a favor de Sarney. Pelo menos três senadores com os quais ele conversou confirmam essa estratégia. A alegação do ministro é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá mais facilidade para governar com um "aliado de primeira hora" no comando no Senado.
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
Mercadante dá o sinal para PT apoiar candidatura de Sarney no Senado
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Publicado Quinta, 09 de Janeiro de 2003 às 18:42, por: CdB
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