Matt Damon fala de <i>Zona Verde</i>, filme sobre o Iraque

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Publicado Sexta, 12 de Março de 2010 às 11:28, por: CdB

Como outros atores de Hollywood, Matt Damon não tem se esquivado de manifestar suas posições políticas.

Pouco antes da eleição presidencial passada nos EUA, ele causou espécie quando, em entrevista à televisão, descreveu a ascensão política da republicana Sarah Palin como semelhante a "um filme realmente ruim da Disney".

Seu filme mais recente, Zona Verde, é um thriller de ação ambientado no Iraque e dirigido pelo britânico Paul Greengrass, que também dirigiu os bem-sucedidos filmes de espionagem da série Bourne. Zona Verde chega aos cinemas americanos e britânicos na sexta-feira.

Tendo em seu elenco também o ator Greg Kinnear, o filme é baseado em um relato feito desde os bastidores de como a administração Bush não conseguiu encontrar armas de destruição em massa e como administrou o Iraque após a invasão de 2003.

Damon falou sobre o filme, sobre ficar nervoso ao ter que dar ordens a soldados na vida real, durante as filmagens, e sobre sua decepção com o envio de mais tropas norte-americanas ao Afeganistão.

Como foi para você atuar ao lado de soldados na vida real que participaram do filme com você?

Matta Damon: Representar um sujeito que está dando ordens para veteranos de guerra da vida real que acabaram de voltar do Iraque foi realmente assustador para mim, como ator. Foi estranho. Foram eles, os veteranos, que disseram: "Veja, você tem que fazer, e se não fizer o filme não vai funcionar. O que você nos mandar fazer a gente vai fazer. Sabemos como obedecer ordens."

No passado você já minimizou sua vida de astro do cinema, dizendo que é um cara humilde. Mas teve algum problema para se comunicar com esses sujeitos que tinham acabado de retornar da guerra?  

MD: São vidas e experiências muito, muito diferentes. Mas achei muito bacana e fascinante conversar com eles, foi realmente interessante. Entre eles havia uma gama enorme de visões políticas. Não é como se tivéssemos feito o filme com um grupo de democratas (opositores ao governo George W. Bush). Eram militares, então havia uma representação verdadeira da América, tanto política quanto geográfica. Havia sujeitos de todas as partes do país.

Então você não mencionou para eles as críticas que fez a Sarah Palin no passado?

MD: Fiz aquele comentário isolado sobre Palin e foi tão divulgado! Isso realmente me surpreendeu. O comentário sobreviveu no YouTube.

Mas você conversou com os soldados sobre o que pensa do aumento de tropas no Afeganistão ordenado por Obama? Você se decepcionou?

MD: Minha confiança em Obama ainda está presente. Mas fiquei muito decepcionado com a questão do Afeganistão. Em última análise, é o que eu digo no final do filme: que as razões pelas quais vamos à guerra têm importância. Então acho que isso não é uma coisa especialmente incendiária de se dizer, nem partidária. Acho que é uma coisa muito honesta de se dizer. E acredito nisso. Se vamos tomar uma decisão, então ela não deve ser tomada às pressas. Errar tão drasticamente em alguma coisa... Esse pessoal foi culpado de pensamento de grupo.

O que Zona Verde diz sobre o fato de não terem sido encontradas armas de destruição em massa e o efeito que as razões de irem à guerra teve sobre os soldados norte-americanos?

MD: Espero que uma coisa pelo menos que esse filme faça é mostrar os soldados sob uma ótica muito positiva... porque o que vocês viram são os riscos inacreditáveis corridos por esses sujeitos devido ao fato de termos pedido a eles que fossem à guerra. Já que deveríamos perguntar as razões de ir à guerra, não deveríamos tê-los enviado para um lugar onde não havia armas de destruição em massa. Foi essa a razão dada para justificar a ida deles.

Zona Verde está sendo promovido como sendo muito semelhante a seus filmes Bourne. Em que medida é diferente de "Bourne", já que boa parte da mesma equipe técnica estava trabalhando no set?

MD: Bourne é uma espécie de super-herói. Já o cara de Zona Verde, nós quisemos fazê-lo ser alguém muito humano. Para mostrar que essas coisas cobram um preço das pessoas, mostrar que quando alguém encosta uma arma na cabeça dele, ele fica com medo. Ele é uma pessoa real. Nesse sentido, o filme é diferente dos filmes Bourne.

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