Os ministérios da Fazenda e do Planejamento divulgaram nesta segunda-feira projeções bem diferentes para o crescimento da economia este ano.
O relatório de acompanhamento da meta fiscal do quinto bimestre (setembro/outubro), feito pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, causou constrangimento ao titular da pasta, Guido Mantega, que criticou as projeções mais pessimistas feitas pela Secretaria de Política Econômica (Sepe) do Ministério da Fazenda.
A Sepe, comandada por Marcos Lisboa, reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2003 do 0,98% apurado no quarto bimestre para 0,4%. Já Mantega prevê uma variação positiva de 0,8% do PIB este ano.
-Eu não derrubo, só levanto o PIB. Essa estimativa foi feita pela Sepe, que é, oficialmente, encarregada de fornecer esse índice. Acho que eles estavam de mau humor, ou qualquer coisa assim- afirmou Mantega, ao tentar explicar a projeção mais baixa num momento em que a economia dá sinais de reaquecimento e dois dias após o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, ter apresentado ao presidente Lula e aos ministros do PT numa reunião no sábado um cenário de crescimento de 0,8% para este ano.
No documento, enviado na sexta-feira da semana passada ao Congresso Nacional, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal, o pessimismo também predomina para a inflação, que teve a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, elevada de 9,5% para 9,7%. "O relatório é assinado pela Fazenda e o Planejamento e nessa análise somos obrigados a colocar os números da Sepe, mesmo que os achemos conservadores. Mas as razões que levaram os técnicos a fazerem essas projeções devem ser perguntadas ao Marcos Lisboa, que é o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda".
O Ministério da Fazenda justificou a projeção conservadora com a falta de tempo para atualizar as informações. Como o governo tinha que enviar o relatório ao Congresso até sexta-feira da semana passada, e a divulgação do PIB do terceiro trimestre pelo IBGE só acontecerá amanhã, a saída foi pôr o que os técnicos chamaram de "números antigos e conservadores". Segundo assessores da Fazenda, a expectativa da equipe do ministério é bem mais otimista do que a que consta no relatório.
- Quanto ao mau humor, às vezes isso acontece com o Ministério da Fazenda. Mas sabemos que o tom do ministro do Planejamento foi de brincadeira - disse um assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.