Mantega cobra ação rápida da União Europeia contra a crise

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Publicado Sexta, 23 de Setembro de 2011 às 13:05, por: CdB

Mantega disse que o aumento das reservas brasileiras coloca o país em situação confortável

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que os líderes da União Europeia precisam aprovar rapidamente as propostas para resolver a crise de dívida na região, antes que a situação se agrave e contagie o resto do mundo.

"Nós estamos em uma corrida contra o tempo", disse Mantega, em Washington, durante evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

"Quanto mais passa o tempo, maior será o custo do programa de ajuda e a possibilidade de que ele não funcione", afirmou, ao lembrar que a previsão é de que os 17 países do bloco europeu aprovem um plano de apoio em três semanas.

"Espero que a União Europeia não espere que quebrem os primeiros países (antes de agir)", disse.

O ministro afirmou que é preciso repetir a receita de 2008, quando os países do G20 (grupo das maiores economias avançadas e emergentes, do qual o Brasil faz parte) se uniram e tomaram medidas "corajosas" e rápidas para combater a crise.

Segundo Mantega, há o risco de que a crise de dívida soberana em países europeus, como a Grécia, resulte em uma nova crise financeira, afetando os bancos europeus.

"É uma crise que se irradiará pelo mundo, não ficará circunscrita à União Europeia", disse Mantega, que participa na capital americana do encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 e da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.

Ajuda

Em meio ao agravamento da crise europeia e dos riscos de contágio, os países dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reuniram na quinta-feira em Washington para discutir possíveis medidas de ajuda ao bloco europeu, mas não chegaram a nenhuma proposta mais concreta.

Em um comunicado, os ministros de Finanças dos Brics se disseram apenas "abertos a considerar, se necessário, fornecer apoio por meio do FMI (Fundo Monetário Internacional) ou outras instituições financeiras internacionais".

Nesta sexta-feira, Mantega voltou a dizer que os Brics e o G20 estão dispostos a ajudar, mas ressaltou que até agora não houve um pedido específico por parte da Europa.

"Continuamos perseguindo os 4% (de crescimento) para este ano. Mas vivemos um momento de incerteza. As coisas podem mudar. Se houver um agravamento do quadro internacional, nós vamos ter que rever as nossas previsões."

Guido Mantega, ministro da Fazenda

"Estão todos empenhados em se unir para evitar que o pior aconteça. Mas a principal responsabilidade está nos países da União Europeia", disse.

Brasil

Diante dos riscos de agravamento do cenário internacional, Mantega ressaltou que o Brasil está preparado para enfrentar uma situação de crise.

"Talvez até mais agora do que estávamos em 2008. Temos, por exemplo mais reservas", afirmou, ao comparar as os cerca de US$ 200 bilhões acumulados pelo Brasil naquele período com o patamar atual, de mais de US$ 350 bilhões.

"Existe uma grande confiança no Brasil", disse. "E nós sabemos que hoje está faltando confiança no mundo, nas economias."

Apesar da situação mais fortalecida da economia brasileira, porém, o ministro admitiu que as previsões de crescimento para este ano podem ser revisadas para baixo, a exemplo do que já foi feito pelo FMI, que nesta semana baixou de 4,1% para 3,8% suas projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2011, em meio à maior incerteza sobre a recuperação global.

"Continuamos perseguindo os 4% para este ano", disse Mantega. "Mas vivemos um momento de incerteza. As coisas podem mudar. Se houver um agravamento do quadro internacional, nós vamos ter que rever as nossas previsões."

O ministro disse ainda que a diferença entre 3,8% (expectativa do FMI) e 4% "é uma minúcia", e observou que as projeções do governo, que a cada dois meses faz uma revisão, só são mudadas quando há certeza de que o crescimento previsto não será mesmo atingido.

Mantega disse ainda que, com o agravamento da crise, o Brasil tem procurado fortalecer sua situação fiscal. Ele citou a recente decisão de aumentar em R$ 10 bilhões a meta de superavit primário, que chegará a 3,3% do PIB neste ano.

"A política de consolidação fiscal veio para ficar", ressaltou Mantega, ao citar questionamentos da imprensa sobre a seriedade dos esforços de aperto fiscal do governo.

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