Mais um pouco da ultra-violência

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Publicado Sexta, 24 de Setembro de 2004 às 07:44, por: CdB

Que tal um pouco da velha ultra-violência? De druguis contra vekios? Ou o amadurecimento de um maltchik com sérios problemas na gúliver? Estanho não? Pois foi exatamente calcado nessa estranheza que o autor inglês Anthony Burgess criou uma das mais pessimistas visões do futuro em Laranja Mecânica. A história se popularizou com a hiper-estetizada versão cinematográfica feita pelo não menos genial Stanley Kubrick. 
 
A editora Aleph relança Laranja Mecânica com nova tradução, de Fábio Fernandes, que é um verdadeiro tesouro para se entender essa cruel e complexa obra de Burgess. Pelo bem ou pelo mal, resolveu-se publicar no final do livro o tal Glossário Nadsat. Sim, é daí que vêm esses nomes estranhos como druguis (amigos), vekios (velhos), maltchik (garoto) e gúliver (cabeça). E é exatamente dessa linguagem que vem todo o estranhamento da história. Narradas pelo adolescente psicopata, Alex, as páginas de Laranja Mecânica são repletas de palavras horrorshow (ótimas) que não facilitam em nada o leitor. Primeiramente o livro foi publicado sem esse glossário/ "cola", que era mesmo a intenção mesmo de Burgess: deixar o leitor completamente confuso com essa realidade tão distinta.
 
Levando-se em consideração que a primeira edição de Laranja Mecânica tem mais de 40 anos (e o filme de Kubrick mais de 30), a alegórica demonstração de perversão e crueldade sócio política da história ainda tem muito a dizer. E a cada década novos leitores e platéias se curvam diante da trajetória de Alex, um adolescente líder de seu bando cruel que é transformado em uma laranja mecânica e vira uma espécie de símbolo de seu tempo. E o discurso é sempre o mesmo: "Como eu vou voltar em Nova Iguaçu tendo um prefeito que fala mal de mim aqui? Quem é amigo do Garotinho não pode votar neste candidato para que eu possa continuar vindo a Nova Iguaçu e amando vocês" - Anthony Garotinho 21/09/04.  

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Edição digital

 

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