Mais de 30 mil vão às ruas contra alinhamento da Grécia ao FMI

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Publicado Segunda, 30 de Maio de 2011 às 07:40, por: CdB

Dezenas de milhares de gregos protestaram contra o governo do país em Atenas neste domingo (29). Os manifestantes — que somaram cerca de 30 mil pessoas, segundo a polícia local — são contra o alinhamento da Grécia ao Fundo Monetário Internacional, que receitou ao país medidas de cortes.Uma multidão na Praça Syntagma, em frente ao Parlamento, gritava palavras de ordem. “Já tivemos o bastante. Os políticos estão nos tratando como tolos. Se as coisas continuarem como estão, o nosso futuro será muito sombrio”, disse um estudante de 22 anos, que se identificou como Nikos.

Ao contrário dos violentos protestos do ano passado, quando manifestantes e polícia entraram em confronto, uma multidão pacífica lotou as ruas neste domingo. Pessoas comuns, desarmadas, que trouxeram seus próprios filhos, participaram na manifestação durante todo o dia.

O povo grego se revoltou contra a classe política, acusada de corrupção e de ser responsável pela crise, assim como pelo péssimo estado da economia local e pela onda de medidas de austeridade, exigidas para a obtenção de uma ajuda de 110 bilhões de euros pedida à União Europeia e ao FMI no ano passado.

Os protestos na Praça Syntagma chegam ao quinto dia consecutivo, impulsionados por manifestações semelhantes na Espanha. Na noite deste domingo, um pequeno grupo de espanhóis se juntou ao povo grego em solidariedade à causa, levantando cartazes escritos em espanhol. Diferentemente de países como Grécia, Irlanda e Portugal, a Espanha não procurou ajuda internacional — mas também enfrenta problemas orçamentários graves, desconfiança sobre o pagamento da dívida e demanda por reformas.

Os manifestantes, que têm poucos líderes formais e recrutaram pessoas via Facebook, dizem que a polícia divulga números menores de público — pois, geralmente, subestimam o tamanho das passeatas. Antes do início das manifestações em Atenas, alguns espanhóis acusaram o povo grego de ser muito passivo. Entretanto, neste domingo, o discurso dos gregos mudou.

Ifigênia Argyrou, uma consultora de seguros com 57 anos, disse que o povo acordou. “As pessoas ficaram indignadas, mas elas precisavam de uma motivação para expressar isso. O povo espanhol deu-nos essa motivação”, disse ela à Reuters. “Não estamos dormindo — estamos acordados. O FMI deve sair. Há outras soluções sem a participação deles.”

Representantes do FMI, da UE e do Banco Central estão em Atenas para verificar o progresso do país e aprovar uma parcela de 12 bilhões de euros, além de, possivelmente, um novo financiamento para o país, às voltas com um rombo no orçamento interno. Em troca, a União Europeia quer que Atenas imponha ainda mais medidas de austeridade e uma reforma econômica, incluindo as privatizações.

Ecos na Europa

Neste domingo, segundo o jornal Le Monde, mil pessoas se reuniram na Praça da Bastilha, em Paris, numa manifestação de apoio aos chamados "indignados" da Espanha — que mantém acampamentos em todo o país desde 15 de maio. Assim como os espanhóis, os parisienses se queixam do desemprego e das medidas que vêm reduzindo os benefícios sociais da população.

Grupos de espanhóis também resolveram permanecer nas praças da Catalunha (Barcelona) e Porta do Sol (Madri). No fim de semana, cerca de 80 cidades do país realizaram assembleias para discutir o futuro do movimento. Na última sexta-feira, a repressão aos protestos deixou 121 feridos em Barcelona. Em Portugal e Polônia também houve manifestações.

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