Maior grupo paramilitar da Colômbia anuncia sua dissolução

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Publicado Sexta, 19 de Julho de 2002 às 08:23, por: CdB

A maior organização paramilitar colombiana de direita, AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), anunciou nesta sexta-feira que vai se dissolver. Um dos fundadores da AUC, Carlos Castaño, disse que a liderança perdeu o controle sobre indivíduos criminosos e indisciplinados que entraram para suas fileiras. Castaño, que é chefe político da AUC, e Salvatore Mancuso, seu chefe militar, explicaram no website da organização que os comandos paramilitares vão se reorganizar em outro movimento. Na semana passada, Castaño já havia dito que sairia da organização ao reconhecer que um de seus comandos seqüestrou o empresário venezuelano Richard Boulton, libertado na segunda-feira. A AUC é acusada de vários massacres na Colômbia. Insustentável Os líderes da AUC dizem que a expulsão de um integrante, a renúncia de vários comandantes, o anúncio de dissidência de outro e o isolamento de várias de suas ramificações são fatores que "tornam insustentável a permanência da AUC como organização nacional". Segundo a AFP, há apenas cinco dias a AUC, que reúne vários grupos paramilitares regionais, tinha 10 mil combatentes armados lutando contra os dois grupos rebeldes de esquerda do país, especialmente no norte da Colômbia. A organização foi criada em meados da década de 90 e cresceu muito durante o governo de Andrés Pastrana. Antes da declaração de Carlos Castaño e Salvatore Mancuso, analistas colombianos comentavam que a AUC vivia uma crise interna e muitos integrantes estariam deixando a organização. Entre as razões da crise foi apontado o início das negociações com o governo do presidente eleito, Álvaro Uribe Vélez, que assume o cargo no dia 7 de agosto. Os paramilitares mantêm um conflito militar paralelo contra guerrilheiros na Colômbia. Acredita-se que integrantes das organizações paramilitares fizeram parte dos grupos armados dos antigos grandes cartéis de tráfico de drogas. A AUC é acusada de executar civis simpatizantes das guerrilhas. A violência dos paramilitares no interior do país tem provocado grande deslocamento interno da população colombiana. Mais de 200 mil pessoas morreram em 40 anos de guerra civil na Colômbia. Assim como o maior grupo guerrilheiro esquerdista do país - Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) - as AUC são consideradas um grupo terrorista pelo governo dos Estados Unidos, que condenam o envolvimento da organização com o tráfico de drogas e com violações dos direitos humanos. Anúncio pode ser apenas um truque Analistas colombianos vêem a notícia da dissolução da organização paramilitar Autodefesas Unidas Colômbia (AUC) com certo ceticismo. Para eles, isso não passa de um exercício de relações públicas pois os paramilitares desejam melhorar a sua imagem e evitar que sua organização seja combatida. A AUC é notória por sua aliança com traficantes de drogas e pelo envolvimento em algumas das piores violações dos direitos humanos na Colômbia. No início desta semana, depois que ficou aparente que uma unidade dentro do grupo havia realizado seqüestros, o temido líder paramilitar, Carlos Castaño, renunciou ao posto de chefe político da AUC e agora anunciou que a organização será dissolvida. Mas especialistas acreditam que o anúncio da dissolução tem o objetivo de permitir que os paramilitares de direita reformulem sua imagem e evitem ser combatidos depois que foram colocados na lista de terroristas criada pelos Estados Unidos. A AUC quer evitar se tornar um alvo na campanha internacional contra o terror. A organização surgiu em meados da década de 90 com o objetivo de combater os rebeldes marxistas da Colômbia. A AUC se envolveu em uma campanha sangrenta de massacres de supostos simpatizantes da guerrilha e assassinou intelectuais e líderes sindicais de esquerda, além de militantes pacifistas. Isso fez com que a AUC se tornasse a organização qeu mais viola direitos humanos na Colômbia. O governo colombiano foi pressionado a acabar com os paramilitar

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