Lula responde às críticas de ministros e defende agricultura familiar

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Publicado Sexta, 12 de Outubro de 2001 às 07:01, por: CdB

O virtual candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva respondeu, nesta quinta-feira, de volta da Europa, após uma série de encontros oficiais com chefes de Estado naquele continente, aos ataques dos ministros Pratini de Moraes, da Agricultura, e Pedro Malan, da Fazenda. Os ministros acusaram Lula de contrariar os interesses nacionais em solo francês, ao defender o subsídio à agricultura naquele país. Lula ressaltou que defende o princípio de que os países ricos não podem subsidiar as exportações tirando a competitividade dos países pobres. Em seguida, o petista leu trechos de suplemento do jornal "Estado de São Paulo", em que representante de exportadores agrícolas defende que, ao invés de criticar o subsídio estrangeiro, autoridades brasileiras deveriam apoiar a produção interna. Lula cita o exemplo do gasto com pedágio, que é maior que o de gasolina, no transporte de cargas, para demonstrar a falta de competitividade do produto brasileiro. "Cuidar da agricultura é dever do Estado, e esta é uma lição de casa que o governo brasileiro desaprendeu", observa o petista. "Enquanto este governo não dá sequer a totalidade do recurso previsto para a agricultura familiar, a multinacional Monsanto conseguiu, para montar o seu projeto em Camaçari, R$ 784 mi emprestados do BNDES, dos quais R$ 259 milhões a fundo perdido, financiado pelo Finor, para gerar apenas 309 empregos", denuncia Lula, baseado nos 55% da verba do Pronaf e nos 7,5% do Orçamento da União previsto para a agricultura, liberados este ano. O líder petista afirma que, com esta política, não somente perdemos em competitividade, como "iremos matar o que resta de produção de agricultura familiar neste país". "Falta do que fazer" "De dia eles fingem que defendem o Brasil, e de noite eles o vendem", declarou Lula sobre os ministros. Para o petista, nenhum dos dois tem autoridade para falar em soberania nacional, porque "fazem parte daqueles que conseguiram destruir, em apenas seis anos, o que foi construído em 60 anos de patrimônio público, sem conseguir cumprir nenhuma das metas que prometiam". "O que eles fizeram foi destruir, principalmente, a chamada agricultura familiar", destacou Lula. Perguntado sobre se os ataques teriam algum componente eleitoral, Lula avaliou que, como os ministros não são candidatos, nem "as figuras mais importantes do governo, possivelmente seja falta do que fazer". "Se todo o mal que causamos foi abrir este debate no Brasil, podem estar certos de que é algo que gostaríamos de fazer", concluiu o petista.

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