O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso trocaram elogios nesta segunda-feira ao receberem o Prêmio Notre Dame 2003, concedido pelo Kellog para Estudos Internacionais, da Universidade Notre Dame (EUA), e pela Fundação Coca-Cola, pelo serviço público de destaque na América latina.
Numa cerimônia no Palácio do Itamaraty, marcada pelo clima de cordialidade, FHC e Lula foram premiados por terem contribuído para um processo democrático durante a transição entre os governos.
FHC iniciou o discurso dizendo que seria "bem rápido" por que todos estavam esperando o "orador principal".
- Passei o governo a um brasileiro que merece o meu respeito por sua luta e sua vocação democrática - disse.
O ex-presidente disse ainda que ficou muito emocionado por ter sido o primeiro presidente a passar a faixa para outro presidente eleito depois de Juscelino Kubitschek.
Já Lula discursou de improviso e disse que a transição foi um "exemplo histórico" e de grande importância para a imagem do Brasil no exterior.
- Como foi feita, a transição foi uma espécie de anúncio ao mundo da nossa competência de exercer a democracia. Foi um exemplo histórico que marcará para sempre as eleições brasileiras e as próximas - afirmou.
O presidente elogiou ainda a postura do presidente Fernando Henrique no processo eleitoral e de transição. Ele lembrou que em nenhum momento houve ataques pessoais. Segundo ele, o que aconteceu nessas eleições de 2002 foi a demonstração da maturidade política do Brasil.
- Houve uma prova da maturidade política, do amadurecimento dos eleitores brasileiros, do governo do presidente Fernando Henrique e do meu governo, recém-eleito. A transição, da forma que foi feita, foi uma espécie de aviso ao que duvidava da nossa competência de exercer a democracia - disse
Lula destacou que perdeu três eleições, sendo duas para FHC, e que ainda assim, continua mantendo relações de respeito e amizade com o seu antecessor.
Lula e FHC receberam cada um U$ 10 mil como prêmio e mais U$ 10 para serem doados a uma instituição escolhida por eles. FHC indicou a organização Comunitas e o Lula o Fome Zero.
Na platéia estavam os ex-ministros como Paulo Renato (Educação), Francisco Weffort (Cultura), Pedro parente (Casa Civil), Pimenta da Veiga (Comunicações) e 18 ministros do atual governo. Entre eles, alguns que podem deixar o governo na reforma ministerial a ser anunciada ainda este mês: Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia), Olívio Dutra (Cidades) e Benedita da Silva (Assistência Social) e Miro Teixeira (Comunicações).