Lula diz no Chile que miséria não pode ser tolerada

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Publicado Terça, 03 de Dezembro de 2002 às 21:42, por: CdB

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta terça-feira, uma declaração junto com o presidente do Chile, Ricardo Lagos, no Palácio de La Moneda, destacando a necessidade de mudar o perfil de desigualdades econômicas e sociais no Brasil e no continente. "A miséria que faz de dezenas de milhões de homens e mulheres verdadeiros párias não pode ser tolerada", afirmou Lula. O futuro presidente brasileiro ressaltou que "não há democracia política que resista a tão dramáticas diferenças sociais". Lula reafirmou o compromisso assumido de preservar a estabilidade econômica e de honrar contratos, mas destacou que foi bem claro no compromisso fundamental com os pobres e excluídos. Com reformas institucionais e mudanças na política econômica, Lula disse que seu governo vai construir, "passo a passo", uma sociedade que dará prioridade ao desenvolvimento com distribuição de renda, enfatizando a produção, e não a especulação. Lula afirmou que os 52 mihões de votos que obteve nas eleições presidenciais de 2002 e o grande movimento de apoio em curso no país a seu futuro governo devem-se a uma aliança liderada pela esquerda, que foi capaz de reunir diversos setores políticos e ideológicos. Segundo o presidente eleito, seu partido, o Partido dos Trabalhadores, compreendeu, "nesse longo e intenso período de lutas", que o fortalecimento da democracia política precisa ser acompanhado necessariamente de uma ampliação da democracia econômica e social. Para Lula, a mensagem das urnas é inequívoca. "Não podemos continuar sendo uma das maiores economias do mundo e, ao mesmo tempo, termos dezenas de milhões de brasileiros passando fome, excluídos da produção e de condições básicas de bem-estar inerentes à dignidade humana", disse, repetindo o discurso que fez na Argentina, a escala inicial de sua primeira viagem internacional como presidente eleito. Lula também fez um agradecimento especial ao povo chileno, ressaltando que estará sempre na memória do povo brasileiro a acolhida que o Chile deu a milhares de refugiados brasileiros durante os governos de Eduardo Frei e Salvador Allende. "Aqui em Santiago, em Concepción, e por todo vosso país, milhares de brasileiros, muitos dos quais são hoje militantes e dirigentes do meu partido, puderam compreender perfeitamente o verso do Hino Nacional que apresenta o Chile como "asilo contra a opressão", disse o presidente eleito. Lula lembrou que a essa gratidão histórica que os brasileiros têm com o Chile acrescenta-se agora o carinho com que sua comitiva foi recebida. "Estou seguro de que a cooperação, cada vez mais estreita, entre o Chile e o Brasil, será fecunda para nosso continente", afirmou. No pronunciamento, Lula também reconheceu as dificuldades que impedem o Chile de se integrar plenamente ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), mas afirmou que seu governo terá respeito pela posições do país. Entretanto, Lula disse acreditar que, se houver vontade de ampliar os acordos firmados, "será possível encontrar soluções, ainda que provisórias, que permitam avançar no sentido de uma futura integração chilena ao Mercosul". "Este não é o momento de discutir aspectos técnicos", declarou. "Queremos reafirmar aqui nossa vontade de uma aproximação sólida com o Chile, de buscar uma reunião que nos permita enfrentar, de maneira solidária, as dificuldades internacionais". Lula acrescentou que a política de regionalização deverá priorizar os objetivos estratégicos comuns. Segundo o futuro presidente brasileiro, os problemas setoriais poderão ser resolvidos, caso a caso, por meio de múltiplas medidas compensatórias. O presidente do Chile, Ricardo Lagos, disse a Lula que, atualmente, a palavra-chave para o Brasil é confiança e ressaltou que o mundo tem que ter a responsabilidade de confiar no país. Lagos elogiou a transição de governo no Brasil, que considerou exemplar, e disse a Lula que o seu desafio no exercício da presidência será conciliar desenvolvim

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