Lula discorda da guerra para resolver conflitos mundiais

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Publicado Sexta, 24 de Janeiro de 2003 às 14:13, por: CdB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante encontro com os principais organizadores do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, que é totalmente contrário ao recurso da guerra para resolver os conflitos mundiais. De acordo com o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, Lula afirmou que quer um mundo sem guerras, um mundo diferente, numa referência indireta ao iminente ataque dos Estados Unidos ao Iraque. Entre os que ouviam o presidente estavam o egípcio Samir Amin e o brasileiro Sérgio Haddad, todos organizadores do encontro de Porto Alegre, que se iniciou oficialmente ontem e será encerrado na terça, com a participação de mais de 100 mil pessoas. Marco Aurélio Garcia disse que a questão da guerra vai ter um peso muito forte no discurso de Lula em Davos, onde acontece o Fórum Econômico Mundial. De acordo com assessores de Lula, o presidente pedirá que haja uma solução negociada para o conflito entre Estados Unidos e Iraque. O presidente do PT, José Genoino, reafirmou hoje que o seu partido fará passeatas e protestos contra um provável ataque dos Estados Unidos ao Iraque. "Por unanimidade, nosso partido decidiu que é contrário à guerra e favorável à paz. Os conflitos têm que ser resolvidos com negociação", disse Genoino. "Se os Estados Unidos invadirem o Iraque, nós vamos reforçar as manifestações de condenação à guerra". Genoino disse ainda que não concorda com o governo do presidente do Iraque, Saddam Hussein, e também com diversos pontos da forma de fazer política do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Mas, segundo ele, seu partido descarta qualquer tipo de apoio a uma intervenção armada na Venezuela. "Não queremos clima de militarização entre os países", afirmou ele. Davos De acordo com o porta-voz da Presidência, André Singer, Lula disse aos organizadores do Fórum Social Mundial que sua decisão de ir ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, criticada por alguns setores da esquerda, deve-se ao fato de ser presidente de 175 milhões de brasileiros. "Lula disse que não vai a Davos representando o Fórum de Porto Alegre, mas os brasileiros. Que foi convidado porque é presidente da República, que se sente na obrigação de dizer o que pensa sobre o mundo no atual momento", disse Singer. "O presidente afirmou aos organizadores do Fórum Social que não pode deixar de exprimir o pensamento dos brasileiros e dizer que o mundo precisa mudar", disse Singer. Indagado se irá ao próximo Fórum Social, que será realizado na Índia, no ano que vem, Lula disse que, se convidado, deverá comparecer. Mas lembrou que os fóruns não devem se tornar um desfile de presidentes da República e sim, discutir saídas para o mundo.

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