Depois de mais especulações no mercado sobre uma possível intervenção do governo federal no câmbio brasileiro, o presidente Luís Inãcio Lula da Silva afirmou pessoalmente que “não vai meter o dedo no dólar”. Para ele não existe valor “simpático” da moeda, pois o compromisso do governo é com o câmbio flutuante.
As dúvidas voltaram a aparecer depois que o presidente, em discurso
durante evento comemorativo do Dia do Trabalho, em Sertãozinho, disse não querer que “o dólar caia demais, porque temos responsabilidade com as nossas exportações”. A frase assustou o mercado e levou o dólar a ser negociado em alta no pregão desta sexta-feira.
Lula lembrou, porém, que, mesmo sem interfência, o governo tem o objetivo de estabilizar o câmbio para que a economia brasileira possa trabalhar com um maior grau de previsibilidade.
O presidente afirmou que, durante o governo FHC, foi um dos principais críticos da política cambial que sustentava o real em US$1.
– Alertamos o antigo presidente durante quatro anos sobre uma política cambial que quase quebrou o país, pois não era possível acreditar que o dólar valia apenas R$ 1.
Os interesses dos exportadores, afirmou ele, não irão se sobrepor aos interesses do país. Em tom negociador, Lula lembrou que “há
companheiros exportadores que querem que o dólar suba. Mas os
companheiros importadores querem que o dólar caia. O papel do governo é afirmar que o dólar vai continuar flutuando.”
As declarações foram feitas na mesma cidade de Sertãozinho, durante a solenidade de inauguração da termelétrica Santa Elisa, movida por
biomassa.