Lula dá partida para pacto social no Brasil

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Publicado Quinta, 07 de Novembro de 2002 às 13:31, por: CdB

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva reuniu nesta quinta-feira, em São Paulo, sindicalistas e a elite do empresariado brasileiro para discutir a criação de um novo pacto social no país. Participaram do encontro, entre outros, os empresários Benjamin Steinbruch, da Companhia Vale do Rio Doce, Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar, Miguel Jorge, do banco Santander, Jorge Gerdau, do grupo Gerdau, Abram Szajman, da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Eugênio Staub, da Gradiente, Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa, Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, e Paulo Skaf, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil. Também atenderam ao convite de Lula os presidentes da CUT, João Felício dos Santos, e da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e representantes de diversas organizações não-governamentais, como Zilda Arns, da Pastoral da Criança. Temas como as reformas tributária, da Previdência Social e política predominaram o encontro, cujo objetivo era definir a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Ao abrir o encontro, Lula deixou claro para todos que o combate à fome e ao desemprego serão os principais focos de atuação no primeiro ano de seu governo. Os empresários e sindicalistas concordaram com a pauta de prioridades do presidente eleito. "Pela primeira vez, temos uma indicação clara do governo de que quer ouvir a sociedade", disse Abílio Diniz. "Se isso não funcionar, o que vai funcionar?" "É preciso deixar as divergências de lado e buscar as convergências, o que vai ser feito agora", concordou Furlan. "Eu não gosto de falar em sacrifícios" avaliou Gerdau. "O que é preciso é gerar empregos, aumentar a demanda interna e as exportações. Todo mundo tem que fazer algum tipo de esforço para que as coisas dêem certo no país". Para Magliano, "a expectativa é muito boa, de uma reunião da sociedade com o Estado, para que possamos ter um projeto comum, um esforço comum". "Nós temos o objetivo de ajudar o novo governo a ajudar o Brasil", ressaltou. A presidente da Pastoral da Criança, Zilda Arns, defendeu o aproveitamento de programas bem-sucedidos que foram implementados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. "Um bom administrador deve aproveitar os programas que deram resultados", opinou. O presidente da CUT, João Felício, avaliou que no processo proposto por Lula não existirá uma situação de "quem ganha e quem perde". "O objetivo é chegar a um consenso sobre as reformas necessárias para que o Brasil volte a crescer", disse. "Havendo consenso nas reformas, aí vamos começar a debatê-las". Felício, no entanto, alertou que as entidades sindicais não devem abrir mão de cobrar reajustes salariais necessários, nem se exigirá delas que não o façam. "Um pacto nacional", disse Felício, "não sairá em 10 ou 15 dias". O presidente da CUT acredita que o primeiro passo é criar um canal de participação. "Há muito mais concordância do que divergência, inclusive com os empresários, que pretendem as mesmas reformas que os trabalhadores". Bid financiará projetos de Lula O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) poderá destinar mais US$ 6 bilhões para projetos prioritários do governo de Lula, além dos atuais financiamentos, que somam US$ 5,8 bilhões. O anúncio foi feito na noite de quarta-feira, em São Paulo, na reunião entre o presidente eleito e o presidente do BID, Enrique Iglesias. O BID pretende financiar projetos sociais, como o Fome Zero - colocado como prioridade de Lula para o primeiro ano de governo -, e de infra-estrutura. Na reunião também foram discutidos aspectos da integração dos países da América do Sul, o que levou a um comentário elogioso de Iglesias: "Fiquei impressionado com o compromisso de Lula com o Mercosul e com a integração da América Latina".

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