Lula chora ao voltar à terra natal

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Publicado Sexta, 22 de Novembro de 2002 às 22:08, por: CdB

Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva chorou copiosamente com o seu povo, nesta sexta-feira, em Caetés, no agreste pernambucano, onde nasceu. Num discurso emocionado, em que dividiu lembranças sofridas da história de sua vida com a multidão que foi recebê-lo, Lula abriu o coração e fez homens e mulheres chorarem. No momento em que sua voz se embargou e ele não conseguiu prosseguir, devido às lágrimas, ao falar em sua mãe, dona Lindú, as pessoas começaram a aplaudir, a cantar baixinho uma das músicas de campanha e depois a repetir "ele merece, ele merece". Esforço "sobre-humano" Foi um momento tocante, em que Lula prometeu fazer um esforço "sobre-humano" para transformar o Nordeste em uma região próspera, onde as pessoas sofram menos. "Não aprendi sobre o Nordeste nos livros ou jornais, o Nordeste corre nas minhas veias", disse ele, depois de relembrar episódios de fome, de falta de perspectiva, do êxodo fugindo da seca com a família aos 7 anos de idade, do quarto e cozinha divididos com 13 pessoas em São Paulo, mas, principalmente, da mãe, que nunca deixava ninguém perder a fé. "Minha mãe foi a salvação" "Minha mãe, mesmo analfabeta, nunca se deu por vencida e nunca baixou a cabeça, qualquer que fosse a adversidade", afirmou. "Ela foi a salvação, porque eu tinha tudo para não ter dado certo, como companheiros que vão para o Sul em busca de uma vida melhor e voltam pior ou dormem na sarjeta com vergonha de retornar." Lula frisou que o trabalho a fazer na Presidência não é de um dia ou um mês e que quatro anos poderão não ser suficientes para transformar em realidade o seu sonho de ajudar a construir um Brasil melhor e mais justo. Combate à corrupção "a ferro e fogo" "Mas quero que vocês deitem a cabeça no travesseiro, quando forem dormir, certos de que vocês têm um presidente que não vai trair o sentimento e a esperança do nosso povo", afirmou, prometendo também combater a corrupção "a ferro e fogo". Também disse que muitas dificuldades o esperam, como as dívidas externa e interna, o desemprego, a inflação que está voltando. "A situação não é boa, mas eu já sabia disso antes de me candidatar e acredito que é possível mudar o País, porque acredito em mim e em vocês" disse, sempre repetindo que, a exemplo da sua mãe, ninguém deve nunca baixar a cabeça. "O ser humano não nasceu para baixar a cabeça, senão lhe botam uma cangalha". Praticamente toda a população de Caetés, de 27,8 mil habitantes, foi às ruas receber o filho que saiu menino, fugindo da seca, para retornar presidente da República eleito 50 anos depois. O trânsito foi interditado desde a entrada da pequena cidade, e os 82 policiais envolvidos na segurança tiveram trabalho para conter a multidão que fazia questão de abraçar, tocar, beijar o presidente eleito, pedir autógrafos, fazer uma foto. Depois de discursar na praça central da cidade, Lula reinaugurou, às 19h30, um centro médico que ganhou o nome da sua mãe, Eurídice Ferreira de Melo, a dona Lindú, descerrando uma foto reproduzida dela. No centro, ele se encontrou com as tias Maria Guilhermina e Corina Guilhermina, de 77 e 74 anos respectivamente, irmãs de seu pai, Aristides, de quem Lula ainda hoje deixa transparecer a mágoa que sente por ter o pai abandonado a mãe e os oito filhos. De tia Maria, que não o via há 50 anos, pois ela vive em Buíque, no sertão, recebeu muita alegria e o conselho de cumprir "direitinho com sua obrigaçãozinha". Da tia Corina, bênçãos "para que tudo corra bem". Lula fez a visita sentimental a Garanhuns e a Caetés, distantes 18 quilômetros uma da outra, acompanhado do senador eleito Cristóvão Buarque, do prefeito de Recife, João Paulo, e do deputado federal Fernando Ferro, todos do PT. Ele precisou ir aos dois municípios para cumprir a visita à sua terra natal, porque do mesmo jeito que possui duas datas de nascimento - uma oficial e outra real - ele também tem dois locais de nascimento. O oficial é Garanhuns, como diz seu regist

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