Lula avisa que vai cancelar compras de plataformas e aviões no exterior

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Publicado Sábado, 24 de Agosto de 2002 às 15:06, por: CdB

"A Embraer tem tecnologia, tem mão de obra qualificada e condição de fazer esses aviões no Brasil, em parceria com outras empresas. Isso é transferência de tecnologia com geração de empregos no Brasil", afirmou para uma multidão que lotou a praça, às margens do rio Amazonas, no local em que recebe o Tapajós, na margem direita. Ainda sobre a polêmica em torno das plataformas, Lula disse que elas vão custar ao Brasil U$ 1,5 bilhão. "É um contra-senso ficar pedindo dinheiro ao FMI e gastar esse montante de recursos na compra de plataformas. O dinheiro poderia ser usado para gerar empregos no Brasil", afirmou. A Petrobrás, segundo o candidato, estaria "sendo incompetente e irresponsável com o País". O candidato petista demonstrou muita felicidade ao ser informado, durante entrevista coletiva, que o economista e prêmio Nobel Joseph Stiglitz havia dito que preferia votar em Lula do que em George W. Bush, o presidente do Estados Unidos. "Eu penso como ele. Não abrimos mão do que queremos. Fizemos questão de dizer à Febraban (Federação Brasileira de Bancos) que o sistema financeiro tem que ser apêndice da produção e não o contrário. Espero que o Stiglitz consiga um título de eleitor no Brasil e vote em mim", disse. Collor Ao fazer uma avaliação de sua campanha nesta semana pelo Centro-Oeste e Norte, Lula afirmou que sentir hoje o que sentiu quando disputou o segundo turno com Fernando Collor, em 1989. "A mobilização é tão intensa que sinto que vamos ganhar a eleição. Mas, como candidato, não posso deixar de me policiar, porque o jogo começou e não terminou ainda. Temos de tocar a campanha para a frente", disse. Ele afirmou também que embora esteja viajando, pôde ver alguns programas eleitorais e acha que está no caminho certo. Antes disso, durante o comício, Lula anunciou que, se eleito, vai procurar promover parcerias com a iniciativa privada. Uma delas será a da construção da BR 163, ligando Cuiabá a Santarém, avaliada em R$ 400 milhões. Ele lembrou que ao longo de sua viagem todos pediam a construção dessa rodovia, mas deixou claro que não vai alimentar esperanças. No entanto, afirmou que terá iniciativas com parcerias. Lula informou que pretende procurar a Cargil, uma produtora de grãos que está construindo um porto particular em Santarém, para tentar uma associação na rodovia. Ele pretende dizer à Cargil que é importante plantar soja, mas que é necessário também ter condições de escoar e industrializar o grão para produzir farelo e óleo, "que valem quatro vezes mais no mercado internacional e gera emprego no país". Obsessão O candidato do PT reafirmou sua "obsessão" de criar empregos, mas ressaltou a importância da educação. "Acabei me convencendo que educação não é gasto, mas sim investimento. E para o investidor estrangeiro queremos dar infra-estrutura com garantia de transporte rodoviário, aéreo e hidroviário, além de educação para garantir mão de obra", declarou. No comício deste sábado, Lula foi homenageado pelo cantor Carlos da Luz, que lhe fez uma música em estilo boi-bumbá, arrancando delírios da multidão. "Cara vermelha, cara pintada, o Brasil vermelho de norte a sul. Alô Brasil, de gente inteligente. Quero um Brasil decente. Quero Lula presidente", cantou Carlos. No palanque, o candidato a vice-governador do Pará na chapa PT/PL, Frederico Braun, agradeceu o fato de estar conhecendo Lula naquele momento, dando-lhe um abraço. E disse que era um orgulho estar com o candidato petista nestas eleições. Lula encontrou-se ainda com Letícia Fontes, que em 1985 sofreu acidente rodoviário depois de deixar um congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ficando paralítica. Foi Lula que convenceu o então presidente José Sarney a socorrer as vítimas o mais rapidamente possível.

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