Lobby impede agentes de saúde de registrar contaminações por agrotóxicos

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Publicado Segunda, 09 de Abril de 2012 às 06:08, por: CdB

(1’53” / 441 Kb) - Já reconhecido como o maior consumidor mundial de agrotóxicos, o Brasil utiliza 80% da quantidade aplicada nas lavouras da América Latina. A informação consta no relatório elaborado pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, no final de 2011.

Em entrevista ao site da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o deputado federal e relator Padre João (PT-MG), destaca inúmeras irregularidades na legislação, comercialização e uso dos agrotóxicos. A estrutura de fiscalização é um dos principais problemas. Juntos, a Anvisa, o Ibama e o Ministério da Agricultura dispõem de 90 técnicos capacitados para cobrir todo o território nacional.

Padre João denuncia a existência de lobby sobre profissionais de saúde para que eles não registrem os casos de intoxicação. Ele revela que colheu depoimentos em Minas Gerais, “informando que uma pessoa morreu intoxicada por agrotóxicos em uma lavoura de café, e no atestado de óbito constou como infarto”.

A isenção de impostos concedida aos fabricantes e distribuidores também desperta preocupação. Segundo o relator, “há uma política de incentivo ao uso de agrotóxicos baseada na tese do abastecimento, com uma visão muito equivocada de segurança alimentar, como se segurança alimentar fosse apenas quantidade e não visasse também qualidade”.

Padre João ainda lamenta um erro cometido na legislatura passada. “Nossos deputados e senadores foram enganados quando aprovaram os transgênicos, com o discurso que iriam reduzir o uso dos agrotóxicos. Hoje, dobramos o consumo de agrotóxicos e, mesmo quem produz transgênicos, precisa utilizar agrotóxicos e em grande escala”.

De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.

09/04/12

*Com entrevista de Raquel Juna

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