Os líderes militares do Afeganistão, em reunião neste domingo, concordaram sobre a necessidade de criar um exército nacional para acabar com as disputas violentas entre chefes regionais. O primeiro encontro nacional das lideranças militares depois da queda do Taliban em 2001 reuniu comandantes de milícias regionais, representantes do governo afegão e das forças armadas americanas que ainda estão no país à procura dos últimos soldados do Taliban e guerrilheiros da Al Qaeda, de Osama bin Laden. Numa declaração ao fim de dois dias de reuniões em Kabul, o Ministério da Defesa afegão disse que todos os participantes concordaram em trabalhar de perto com o governo para "a defesa conjunta da nação e a formação de um novo exército nacional". Os esforços de reconstrução do Afeganistão desde a queda do Taliban têm sido atrapalhados por confrontos entre milícias comandadas por chefes regionais inimigos. A administração interina do presidente Hamid Karzai pretende criar um exército nacional com 70 mil homens até 2009 para substituir as milícias regionais. O governo pretende, ainda, lançar em julho uma campanha de desarmamento e desmobilização de aproximadamente 100 mil guerrilheiros. O Ministério da Defesa afirmou que os participantes do encontro concordaram que o novo exército deve ser formado por soldados de todas as etnias e vindos de todas as províncias para que possa ser respeitado em todo o país. Um comando central forte deverá ficar baseado em Kabul, informou o Ministério. "Há também um grande apoio entre os comandantes para a formação de unidades do Exército Nacional Afegão em áreas fora de Kabul o mais rapidamente possível", afirmou a nota do Ministério. Até lá, as milícias regionais continuariam tendo seu papel. Analistas afirmam que Karzai vai enfrentar forte oposição à criação do exército nacional e ao desarmamento das milícias regionais, apesar do apoio de França, Estados Unidos e Inglaterra ao treinamento das novas forças e do respaldo das Nações Unidas ao processo de desarmamento. Os Estados Unidos, representado no encontro pelo comandante das forças no Afeganistão, o tenente-coronel Dan McNeill, vêm sendo criticados por dificultar esse processo com a contratação de milícias regionais para ajudar na "guerra ao terror". A formação das forças armadas nacionais tem sido retardada pela falta de recursos e recrutas. Apenas alguns milhares de soldados foram treinados e alguns já abandonaram o exército. O governo do Afeganistão espera contar com um comando central de cerca de 10 mil soldados já no meio do próximo ano, data da eleição nacional.
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
Líderes afegãos concordam com a criação de exército nacional
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Publicado Domingo, 20 de Abril de 2003 às 12:22, por: CdB
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