Líderes afegãos concordam com a criação de exército nacional

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Publicado Domingo, 20 de Abril de 2003 às 12:22, por: CdB

Os líderes militares do Afeganistão, em reunião neste domingo, concordaram sobre a necessidade de criar um exército nacional para acabar com as disputas violentas entre chefes regionais. O primeiro encontro nacional das lideranças militares depois da queda do Taliban em 2001 reuniu comandantes de milícias regionais, representantes do governo afegão e das forças armadas americanas que ainda estão no país à procura dos últimos soldados do Taliban e guerrilheiros da Al Qaeda, de Osama bin Laden. Numa declaração ao fim de dois dias de reuniões em Kabul, o Ministério da Defesa afegão disse que todos os participantes concordaram em trabalhar de perto com o governo para "a defesa conjunta da nação e a formação de um novo exército nacional". Os esforços de reconstrução do Afeganistão desde a queda do Taliban têm sido atrapalhados por confrontos entre milícias comandadas por chefes regionais inimigos. A administração interina do presidente Hamid Karzai pretende criar um exército nacional com 70 mil homens até 2009 para substituir as milícias regionais. O governo pretende, ainda, lançar em julho uma campanha de desarmamento e desmobilização de aproximadamente 100 mil guerrilheiros. O Ministério da Defesa afirmou que os participantes do encontro concordaram que o novo exército deve ser formado por soldados de todas as etnias e vindos de todas as províncias para que possa ser respeitado em todo o país. Um comando central forte deverá ficar baseado em Kabul, informou o Ministério. "Há também um grande apoio entre os comandantes para a formação de unidades do Exército Nacional Afegão em áreas fora de Kabul o mais rapidamente possível", afirmou a nota do Ministério. Até lá, as milícias regionais continuariam tendo seu papel. Analistas afirmam que Karzai vai enfrentar forte oposição à criação do exército nacional e ao desarmamento das milícias regionais, apesar do apoio de França, Estados Unidos e Inglaterra ao treinamento das novas forças e do respaldo das Nações Unidas ao processo de desarmamento. Os Estados Unidos, representado no encontro pelo comandante das forças no Afeganistão, o tenente-coronel Dan McNeill, vêm sendo criticados por dificultar esse processo com a contratação de milícias regionais para ajudar na "guerra ao terror". A formação das forças armadas nacionais tem sido retardada pela falta de recursos e recrutas. Apenas alguns milhares de soldados foram treinados e alguns já abandonaram o exército. O governo do Afeganistão espera contar com um comando central de cerca de 10 mil soldados já no meio do próximo ano, data da eleição nacional.

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