A edição desta quarta-feira do jornal Le Monde foi implacável com o filme Carandiru, de Hector Babenco, em competição no Festival de Cannes.
Depois de informar que no Brasil o longa-metragem é um dos maiores sucessos do ano, o crítico Samuel Bumenfeld observa que “em Cannes, diante de um público que ignora todo o contexto do filme, ‘Carandiru’ significa o mesmo que um longo traço plano num encefalograma”.
Mais adiante, o crítico afirma que Hector Babenco realizou um trabalho de “enfant gaté” (menino mimado).
– Não se pode de um lado denunciar o universo carcerário e de outro colocar o espectador e mostrar-lhe apenas heróis positivos.
Para o jornal, o diretor retratou os prisioneiros como “belos, inteligentes, gentis e quase sempre inocentes”.
O crítico conclui seu artigo dizendo que Babenco “evita a todo custo a identificação do público com um verdadeiro criminoso, suprema hipocrisia de um cineasta que se propõe a filmar o inferno com a condição de assegurar o bem-estar do espectador”.