O peronista progressista Néstor Kirchner, assumiu aos 53 anos a Presidência da Argentina na tarde de hoje afirmando que o país honrará seus compromissos financeiros, mas “não pagará a dívida externa às custas da fome e da exclusão do povo”.
Diante de 13 chefes de Estado latino-americanos, Kirchner foi empossado na Câmara dos Deputados, na primeira cerimônia de sucessão presidencial realizada no Congresso em toda a história. Eduardo Duhalde lhe entregou o bastão e a faixa presidencial com as cores da bandeira do país.
“Não se trata de não cumprir os compromissos da dívida. Não temos o projeto da moratória. Mas também não podemos pagá-la à custa de adiar a educação e a saúde dos filhos dos argentinos”, disse ele, em um discurso de 55 minutos.
O ex-governador da província de Santa Cruz (sul) assumiu o país, que emerge da pior crise em sua história, com o compromisso de enfrentar a pobreza em que vivem 20 milhões dos 36 milhões de habitantes.
No discurso, também defendeu o equilíbrio fiscal, dizendo que “não se pode gastar mais do que entra”, e declarou que “crescendo a economia, crescerá a capacidade de pagar a dívida”.
A vice-presidência foi assumida por Daniel Scioli, que era secretário de Esportes no governo Duhalde e será o titular provisório do Senado, segundo determina a Constituição.
Desenvolvimento
Kirchner declarou que o Estado cumprirá um papel central no desenvolvimento do país e na promoção de um “capitalismo nacional”, em oposição ao neoliberalismo hegemônico da última década.
Ele disse que é necessário “construir políticas ativas” e, para isso, “o Estado tem um poder central”.
Aplaudido pelos congressistas, o novo presidente afirmou que o combate contra a corrupção “será implacável”. Destacou ainda que o capitalismo nacional promoverá “a mobilidade social” e indicou que “não se trata de se fechar ao mundo, mas de assumir um compromisso com a Nação”.
Integração regional
Kirchner afirmou que em sua gestão a prioridade em política externa será a construção de uma América Latina “politicamente estável, próspera e unida”. “O Mercosul e a integração devem fazer parte de um verdadeiro projeto político regional”, disse.