Um dos principais juizes da Grã-Bretanha disse que a maneira como os americanos estão mantendo presas centenas de pessoas sem julgamento na base militar americana de Guantánamo, em Cuba, é "completamente fora da lei".
Johan Steyn disse que os Estados Unidos são culpados de uma "falha monstra da Justiça".
O juiz, que integra o mais alto nível do Judiciário na Grã-Bretanha, afirmou que os suspeitos de integrar a Al-Qaeda e o Talebã estão "deliberadamente sendo detidos para além do poder da lei, da proteção de qualquer tribunal e estão à mercê dos vitoriosos".
O correspondente para assuntos diplomáticos da BBC, Barnaby Mason, disse que é raro que juízes britânicos se pronunciem sobre temas políticos e é praticamente inédito que um deles ataque um governo estrangeiro dessa maneira.
Condenação
A declaração do lorde Steyn foi feita depois que a Austrália disse que os Estados Unidos concordaram que os dois cidadãos australianos detidos na baía de Guantanamo não poderão ser setenciados à morte, mas estarão passíveis de julgamento por um tribunal militar.
Os nove britânicos detidos em Guantánamo também conseguiram garantia semelhante dos Estados Unidos.
Num discurso feito em Londres, ele disse que a qualidade da Justiça vista em Guantánamo não conseguiu alcançar os padrões mínimos de conduta para um julgamento justo.
O juiz Steyn acrescentou que todos os ministros deveriam condenar de maneira "pública e inquestionável" a detenção de 660 prisioneiros na base militar americana.