A vida do jovem Eberton Bitile, de 18 anos, foi drasticamente modificada na noite da última quarta-feira, quando veio abaixo parte do morro do Bumba, em Niterói, em consequência do temporal que atingiu a cidade. O imóvel onde estavam abrigados seus pais e seu irmão, juntamente com mais seis integrantes da família, veio abaixo. Eles tinham se refugiado, juntamente com outras famílias, na casa de Evandro da Silva Barci, justamente porque o local onde moravam, mais no alto do morro, corria risco de desabamento. Mas a força da avalanche acabou destruindo tudo e matando todos os ocupantes da residência.
– Eu saí mais cedo e estava na casa de minha namorada – contou Eberton, enquanto acompanhava os bombeiros, que carregavam nos ombros o corpo de uma das vítimas. Sem parentes a quem recorrer, ele diz que vai ficar morando com a família da namorada.
Mas o número de mortos na residência pode ser ainda maior, segundo o irmão de Evandro, Alberto da Silva Barci.
– No meio da tempestade, ele começou a socorrer as pessoas. Eram seis famílias que foram acolhidas pelo meu irmão. Ali tinha aproximadamente 30 pessoas, além dos cinco da família dele. A casa era bem construída, mas a gente não sabia que o terreno era tão frágil – disse Alberto, que trabalha como cozinheiro em um estaleiro da cidade.
Enquanto esperava para reconhecer os corpos em uma unidade de perícia montada especialmente na área do desabamento, Alberto lamentou:
– No primeiro deslizamento que houve, na segunda-feira, ele cavou, tirou pessoas que estavam soterradas e levou para a casa dele. Achou que estava a salvo, porque morava longe da barreira. Mas houve essa fatalidade de a avalanche atingi-los em cheio e morrer todo mundo.