Itália diz ter provas de que Gaddafi simulava morte de civis

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Publicado Sexta, 26 de Agosto de 2011 às 05:01, por: CdB

ROMA, 26 AGO (ANSA) - O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, afirmou hoje que Roma tem provas de que o ditador líbio, Muammar Kadafi, "mascarava" cadáveres para culpar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pela morte de civis.
   
Em entrevista à imprensa italiana, o chanceler disse que a Itália tomou conhecimento de mensagens e comunicados de autoridades líbias com ordens para "mascarar cadáveres militares com roupas de civis para que a culpa da matança recaísse sobre a Otan".
   
A aliança militar tem atuado na Líbia, com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para proteger os civis dos confrontos entre forças leais a Kadafi e rebeldes que tentam derrubar o governo.
   
Segundo Frattini, também há provas de que o ditador, que está há mais de 40 anos no poder, queria transformar a ilha de Lampedusa em um "inferno".
   
O embaixador líbio na Itália, Abdulhadef Gaddur, confirmou a versão do chanceler e disse que Kadafi incentivava a imigração clandestina como forma de punir a Itália por ter apoiado as resoluções da ONU.
   
A ilha, que fica no sul da Itália, é conhecida por ser um dos principais destinos de imigrantes, principalmente vindos da África. O fluxo de estrangeiros e refugiados aumentou com os conflitos políticos em alguns países, como Tunísia, Egito e Líbia.
   
De acordo com Frattini, Kadafi teria ordenado a colocação "de milhares de desesperados em barcos" com destino a Lampedusa para "implantar o caos na ilha".
   
A Líbia, que foi ocupada pela Itália por cerca de 30 anos, possuía vários acordos com Roma firmados durante o regime de Kadafi.
   
Um dos principais tratados refere-se à imigração e foi assinado em 2008. Com ele, Trípoli ficava responsável por auxiliar no combate às saídas de imigrantes ilegais de sua costa marítima e se responsabilizava também por repatriar os refugiados para seus países de origem.
   
Nos últimos anos, Kadafi fez uma série de viagens à Itália, como em junho de 2009 e agosto de 2010. Nas ocasiões, o líbio proclamou uma nova era nas relações entre os dois países.
   
Frattini disse que a "ruptura" entre o governo do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e o de Kadafi foi "terrível", pois o premier o considerava um amigo e "depois o viu matar mulheres e crianças".
   
Berlusconi e o Frattini se reuniram ontem em Milão com o líder do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia, Mahmoud Jibril.
   
Durante o encontro, o governo italiano anunciou o descongelamento de uma parcela de 350 milhões de euros dos fundos líbios e a criação de um Comitê Itália-Líbia para tratar de assuntos comuns. (ANSA)

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