Israel volta a cercar QG de Arafat

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Publicado Terça, 01 de Outubro de 2002 às 16:08, por: CdB

Cinco dias após ser declarado o cessar-fogo em Hamallah, na Cisjordânia, soldados de elite do exército israelense assumiram posição em torno do quartel-general do presidente palestino Yasser Arafat. Espera-se novas manifestações na região para os próximos dias. Os palestinos também reagiram irados nesta terça-feira contra um projeto de lei americano que estimula o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e advertiram que a medida complicará os esforços de paz e pode custar vidas. O presidente americano, George W. Bush, também manifestou firmes reservas quando assinou um projeto de gastos que pede a seu governo para mudar a embaixada de seu país de Tel Aviv para Jerusalém - cidade que tanto israelenses como palestinos consideram como sua capital. Saeb Erekat, um membro do gabinete palestino, disse que a assinatura do projeto por parte de Bush "enterra todos os esforços para reviver o processo de paz e voltar a encaminhá-lo". Qualificou-o como uma "flagrante violação dos acordos assinados pelos EUA e Israel para negociar a situação permanente de Israel. No projeto, o Congresso especificou pela primeira vez que não se pode utilizar os fundos do consulado americano em Jerusalém a menos que este se encontre sob a supervisão do embaixador americano em Israel. Acrescentou que não se pode investir dinheiro em documentos oficiais que mencionem Israel sem identificar Jerusalém como sua capital. Bush insistiu em que "a política americana em relação a Jerusalém não mudou" ao assinar o projeto na segunda-feira e disse que trataria as cláusulas como uma recomendação em vez de uma ordem. Se fosse uma ordem, "interferiria intoleravelmente com a autoridade constitucional do presidente para conduzir as relações exteriores", disse Bush. As cláusulas "seriam novidade se fossem obrigatórias", disse por telefone o porta-voz da embaixada americana Paul Patin. "Não as consideramos obrigatórias". O porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, indicou que a situação de Jerusalém "deve ser negociada entre as partes", israelenses e palestinos. Em um comunicado emitido em Jidá, na Arábia Saudita, a Organização da Conferência Islâmica se declarou "profundamente consternada" a respeito do projeto que, segundo disse, "obriga o governo americano a considerar Jerusalém a capital de Israel". O comunicado, assinado pelo secretário-geral da organização, Abdelouahed Belkeziz, acrescenta que o projeto provocará a indignação dos muçulmanos de todo o mundo e não tornará fácil a missão dos EUA como mediador no Oriente Médio". Israel anexou o setor oriental de Jerusalém - incluindo os lugares sagrados para judeus, muçulmanos e cristãos - depois de capturar a cidade na guerra de 1967. O primeiro-ministro Ariel Sharon considera toda Jerusalém como a capital indivisível de Israel. O anterior governo israelense - mais moderado - de Ehud Barak havia oferecido aos palestinos um setor do leste de Jerusalém, mas as duas partes nunca puderam discutir os detalhes. Por esse e outros motivos as conversações de paz foram interrompidas em janeiro de 2001. "Tais resoluções poderiam custar vidas palestinas e israelenses", advertiu Erekat, e disse que os palestinos levarão a questão ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, à Liga Árabe e à Organização da Conferência Islâmica. Ao mesmo tempo, o gabinete palestino se reuniu em meio aos escombros do complexo do governo palestino de Yasser Arafat em Ramallah, dois dias depois que as tropas israelenses levantaram o cerco ao local.

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