Israel retirou um projeto de resolução das Nações Unidas pela primeira vez em 30 anos por causa da oposição de países árabes.
O texto israelense propunha que as crianças israelenses fossem protegidas do terrorismo, espelhando-se em uma resolução aprovada no início deste mês exigindo que Israel proteja crianças palestinas em suas ações.
O embaixador israelense na ONU, Dan Gillerman, disse que os países críticos da resolução - na sua maioria, árabes - introduziram mudanças no texto que Israel não pôde aceitar.
Os opositores do texto substituíram o termo "crianças israelenses" por "crianças do Oriente Médio", e introduziu menções ao "uso excessivo de força" do Exército israelense.
Segundo Gillerman, a mensagem da ONU às crianças israelenses ao não aprovar a resolução é que a vida delas "vale menos do que a das crianças palestinas".
-Talvez alguém possa me explicar por que centenas de crianças israelenses mortas ou feridas em brutais ataques terroristas merecem menis compaixão e atenção- afirmou o embaixador.
'Dois pesos, duas medidas'
Gillerman disse ainda, que enquanto vigorar o que Israel considera uma política de "dois pesos, duas medidas", a ONU continuará ter sua credibilidade e relevância questionadas no Oriente Médio.
A Assembléia-Geral das Nações Unidas aprova mais de 20 resoluções condenando Israel todo ano. Sem a chancela do Conselho de Segurança - onde resoluções anti-Israel foram barradas pelos Estados Unidos - elas são sistematicamente ignoradas por Israel.
Apenas as resoluções do Conselho de Segurança têm valor legal.
Israel decidiu apresentar a sua própria proposta de resolução depois que um atentado suicida em Haifa matou quatro crianças em um total de 21 vítimas.
O embaixador palestino na ONU, Nasser al-Kidwa, disse que a resolução nunca seria aprovada porque Israel abusou do termo "crianças" para atingir objetivos políticos.
Mortes e expulsões
A decisão na ONU coincide com a morte de um menino palestino de nove anos, baleado na cabeça por tropas israelenses no campo de refugiados de Rafah, na Faixa de Gaza. O Exército israelense prometeu investigar o incidente.
Ainda nesta quarta-feira, tropas israelenses mataram outros dois palestinos, que supostamente estariam preparando um ataque em uma estrada usada por colonos judeus. Um terceiro palestino ficou gravemente ferido.
Segundo o Exército, os homens estavam tentando fugir em um carro. A versão da família é que eles estavam voltando para casa para celebrar o festival de Eid, que marca o fim do Ramadã (período sagrado de jejuns e orações no Islamismo).
Em outra ação que causou a revolta dos palestinos, Israel expulsou da Cisjordânia três homens que seriam militantes do grupo palestino Hamas.
Os homens, que não foram acusados formalmente, foram transferidos para a Faixa de Gaza, depois de perder um apelo na Suprema Corte de Israel.
A medida foi condenada por grupos de defesa dos direitos humanos, mas Israel alegou que os suspeitos não podem ser levados a julgamento porque isso prejudicaria as operações da inteligência israelense.