Representantes do Governo e do Parlamento de Israel, e da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e de sua Câmara Legislativa, viajam a Londres nesta quinta-feira, para participar de um seminário sobre o conflito e a paz no Oriente Meio.
As conversas ocorrerão durante dois dias e contam com o apoio da Associação de Amigos de Israel do Partido Trabalhista britânico, informou a rádio pública israelense.
Os participantes debaterão sobre a crise que afeta seus respectivos povos e possíveis soluções para paz com base no plano do Quarteto de Madri, conhecido como "Mapa de Caminho" e que prevê a constituição de um Estado palestino para 2005.
Os debates estarão centrados "no papel da comunidade internacional na promoção da estabilidade na região" e "que é a ameaça militar chave para a segurança da região?".
Nesta sexta-feira, os participantes se basearão na análise "da atividade econômica e seu desenvolvimento como catalisador de uma aproximação política" e "medidas para restabelecer a confiança e avançar no Mapa de Caminho".
Entre os participantes do Governo palestino figuram o coronel Jibril Rajub, assessor presidencial de Segurança Nacional, o vice-ministro Sufián Abu Zaide e o deputado Ziad Abu Ziad, todos eles conhecedores da língua hebraica.
Israel será representado pelo general Amos Guilad, ex-encarregado do Ministério da Defesa nos territórios ocupados da Cisjordânia e de Gaza e atual chefe do comitê político e de segurança desse ministério, e o subdiretor de Informações do Ministério das Relações Exteriores, Guidón Meir.
Também participarão do seminário os deputados Omri Sharon, do bloco direitista Likud e os legisladores trabalhistas, Efraim Sné e Isaac Herzog.
O seminário de Londres acontecerá antes de um ato público na próxima segunda-feira em Genebra, onde políticos, intelectuais e artistas israelenses e palestinos apresentarão publicamente às autoridades da Suíça, por meio de uma carta conjunta, uma iniciativa para a paz entre seus povos conhecida como o "acordo de Genebra".
-De fato, não assinaremos nenhum acordo, só uma carta que levará o texto da iniciativa na qual trabalhamos conjuntamente- durante vários meses, esclareceu o ex-ministro da Justiça e pacifista Iossi Beilin, que encabeçou a delegação de Israel.
Beilin e o ex-ministro da Informação e Cultura da ANP, Yasser Abed Rabo, à frente da delegação palestina, foram ontem à residência do presidente israelense, Moshé Katzav, para informá-lo de sua iniciativa e do ato que será realizado em Genebra.
Katzav expressou sua satisfação pelo fato da retomada do diálogo entre palestinos e israelenses, mas esclareceu que o "Acordo de Genebra" é um documento privado que não compromete ao Governo do primeiro-ministro Sharon nem à ANP.
Na cerimônia de Genebra, com a participação de 300 convidados palestinos e israelenses, estarão presentes o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, Prêmio Nobel da Paz; o ex-presidente espanhol Felipe González; o ex-chanceler federal alemão Helmut Schmidt, e o ex-presidente português Mario Soares.
Tanto o seminário na capital britânica como a reunião em Genebra precederão uma primeira conferência entre Sharon e o primeiro-ministro da ANP, Abu Alá, prevista por fontes do Governo israelense para esta próxima semana e orientada a retomar o processo de paz entre seus respectivos povos.
O plano que Abu Alá e Sharon terão como guia para sua reunião será a proposta de paz do "Mapa de Caminho", aprovado por unanimidade no Conselho de Segurança da ONU.
No entanto, os analistas políticos em Israel supõem que o "Acordo de Genebra", que se caracteriza pela proposta de soluções concretas aos principais problemas do conflito, poderia "servir de modelo" para os primeiros-ministros.