Iraque alerta Turquia sobre operação contra rebeldes curdos

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Publicado Sábado, 23 de Fevereiro de 2008 às 10:48, por: CdB

O ministro do Exterior do Iraque, Hoshyar Zebari, disse neste sábado que qualquer escalada na operação militar turca contra rebeldes curdos no norte do Iraque pode desestabilizar a região.

— Até agora, na verdade, a incursão é limitada. Não é uma invasão, é uma incursão militar limitada em uma região remota, isolada e inabitada, mas se ela continuar acho que pode desestabilizar a região, porque realmente um erro pode levar a uma escalada —, afirmou o ministro à BBC.

O ministro iraquiano também disse que várias pontes foram danificadas nos ataques dos soldados turcos.

— O governo turco prometeu a nossos líderes que eles vão evitar atingir a infra-estrutura, mas eu posso confirmar que cinco pontes foram destruídas por soldados turcos —, disse Zebari.

O governo turco e os rebeldes curdos forneceram informações desencontradas sobre o número de mortos no conflito.

O Exército da Turquia informou que a ofensiva deixou cinco soldados e ao menos 44 rebeldes curdos mortos.

"Informações preliminares indicam que os terroristas sofreram perdas significativas", disse um comunicado do Exército turco.

O porta-voz do grupo separatista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), Ahmad Danas, afirmou que dois soldados turcos foram mortos e oito ficaram feridos na operação.

Nenhuma das duas informações pode ser confirmada por fontes independentes.

Operação limitada

Segundo o governo turco, as tropas cruzaram a fronteira em uma operação contra rebeldes separatistas curdos do PKK estariam refugiados no Curdistão, uma região autônoma localizada no norte do Iraque.

A operação foi precedida de bombardeios aéreos e terrestres. O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que a ofensiva foi limitada e que as tropas retornarão o mais rápido possível.

— O alvo, o propósito, o tamanho e os parâmetros desta operação são limitados —, disse Erdogan.

— As nossas Forças Armadas voltarão para casa o mais rápido possível, assim que atingirem seus objetivos —, acrescentou.
 
O governo americano disse que foi informado da operação desta quinta-feira com antecedência e que pediu à Turquia que limitasse a ação a alvos precisos do PKK. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou preocupação com a operação.

— A proteção dos civis nos dois lados da fronteira continua sendo a principal preocupação —, disse.

Fronteira

A Turquia mantém milhares de tropas na fronteira com o Iraque. A operação desta quinta-feira foi a segunda desde outubro de 2007, quando o Parlamento turco aprovou por ampla maioria a autorização de operações militares em território iraquiano para combater os rebeldes do PKK, que estariam lançando ataques contra a Turquia a partir da região.

No entanto, segundo a correspondente da BBC em Istambul, Sarah Rainsford, desta vez a operação foi inesperada, porque a área montanhosa da fronteira ainda está coberta de neve e porque não houve ataques recentes do PKK contra a Turquia.

As informações do governo turco são de que entre 3 mil e 10 mil soldados turcos tenham
participado da ofensiva.

Mas fontes curdas no norte do Iraque disseram à BBC que o governo turco havia "exagerado" e que na realidade a operação era "muito, muito limitada", em uma área remota na fronteira.

O PKK luta pela autonomia curda e tem cerca de 3 mil homens baseados no Iraque. Calcula-se que mais de 30 mil pessoas tenham morrido desde 1984, quando o grupo iniciou a luta armada contra o governo turco.

A Turquia, os Estados Unidos e a União Européia consideram o PKK uma organização terrorista.

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