IPCA sobe em maio, acima do esperado, com energia elétrica e alimentação

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Publicado Quarta, 10 de Junho de 2015 às 12:50, por: CdB

A inflação oficial brasileira surpreendeu e acelerou a 0,74% em maio na comparação mensal, pressionada pelos preços de energia elétrica e alimentação, e em 12 meses continua no nível mais alto em mais de 11 anos. Os resultados vieram mesmo após a sequência de altas dos juros feita recentemente pelo Banco Central para domar a escalada dos preços e colocam mais pressão sobre a autoridade monetária.

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O IBGE apontou que o principal responsável individual pelo resultado de maio do IPCA foi o preço da energia elétrica
No mês passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou mais força do que se esperava após alívio em abril, quando subiu 0,71%, ficando bem acima até mesmo da expectativa mais alta em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, de avanço de 0,64% em maio. Com isso, em 12 meses, o índice subiu 8,47%, ante 8,17% até abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. É a maior taxa acumulada desde dezembro de 2003, quando o IPCA chegou a 9,30%, e acima da expectativa de 8,32%. Assim, a inflação permanece bem acima do teto da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos. Na semana passada, o BC elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,75% ao ano, levando-a ao mesmo patamar de dezembro de 2008. Energia e "iguarias" O IBGE apontou que o principal responsável individual pelo resultado de maio do IPCA foi o preço da energia elétrica, após série de aumentos de impostos e tarifas do setor no início do ano. Com alta de 2,77% no mês, o item respondeu por 0,11 ponto percentual do índice de maio. Com isso o grupo Habitação registrou alta de 1,22% em maio, contra 0,93% no mês anterior. Somente neste ano as contas de energia elétrica já ficaram 41,94% mais caras, acumulando em 12 meses avanço de 58,47%. Os preços administrados são os vilões da inflação neste ano. Em maio, eles aceleraram a alta a 1,23%, contra 0,78% no mês anterior, acumulando em 12 meses 14,11%. O IBGE informou ainda que o grupo com maior impacto e maior alta no mês passado foi Alimentação e Bebidas, com 0,34 ponto percentual, ao subir 1,37%, contra 0,97% em abril. - Temos itens que quase viraram iguaria", disse a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, destacando que somente neste ano os preços da cebola já subiram 110,45% e os do tomate, 80,42%. "Tem chovido pouco e há pragas se proliferando e prejudicando a produção. E a arroba do boi vem aumentando, pois com o dólar valorizado há atração nas exportações - acrescentou. Serviços Por outro lado, os custos de serviços mostraram forte descompressão ao subirem apenas 0,20% no mês passado, contra alta de 0,72% em abril. Segundo o IBGE, isso se deve mais à queda de 23,37% nos custos das passagem aérea do que aos esperados efeitos da fraqueza econômica. - Hoje temos um cenário de desemprego e renda menos favorável, mas ainda não afetou serviços - disse Eulina. Ainda assim, pela primeira vez pelo menos desde 2009, segundo ela, o índice acumulado em 12 meses de serviços ficou abaixo do IPCA ao chegar a 8,22%. Com a alta acima do esperado do IPCA, as taxas dos contratos de juros futuros avançavam nesta quarta-feira, reforçando as expectativas majoritárias de a Selic deve subir 0,50 ponto percentual em julho e alimentando as apostas de outro movimento igual em setembro. O mercado aguarda agora a divulgação da ata da última reunião, na quinta-feira, em busca de mais pistas sobre os próximos passos da política monetária, para calibrar suas apostas. E também estão de olho no Relatório Trimestral de Inflação do BC, neste mês. - As expectativas para além de 2015 é que são relevantes para a movimentação da política monetária. Os passos do BC estão muito mais ligados ao cenário prospectivo da inflação do que a esse índice de maio - disse a economista da CM Capital Markets Camila Abdelmalack. Na pesquisa Focus do BC, a projeção de economistas é de mais uma alta de 0,25 ponto percentual da Selic em julho, encerrando o atual ciclo de aperto com a taxa a 14% ao ano. - A persistência da inflação e a intensificação das pressões inflacionárias na margem pode deslocar as expectativas de política monetária em direção a mais uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic na reunião do Copom de julho- afirmou o diretor de pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.

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