Íntimo de Cachoeira, deputado vai à CPI defender legalização de jogos de azar

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Publicado Terça, 09 de Outubro de 2012 às 13:59, por: CdB
Íntimo de Cachoeira, deputado vai à CPI defender legalização de jogos de azar

Carlos Alberto Leréia (PSDB) afirmou ter dívida com o contraventor, mas negou práticas ilegais

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 09/10/2012, 19:53

Última atualização às 19:53

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SãoPaulo – Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito(CPMI ou CPI) do Cachoeira, o deputado federal Carlos Alberto Leréia(PSDB) disse hoje (9) que o Brasil deveria legalizar os jogos de azar.“Sou legalista, mas sou pragmático. No meu entendimento, o que ogoverno tem que fazer? Vender concessões pra cassinos, vender alto ecolocar na lei”, afirmou ele. Leréia reconheceu ser amigo íntimodo empresário e contraventor Carlos Cachoeira, mas negou práticas ilegais e apontou que asinvestigações da CPI têm de levantar o debate sobre a questão dojogo no Brasil. De acordo com ele, embora proibida, trata-se de umaprática proliferada por todo o país e da qual o Estado poderiatirar proveito financeiro.

“Nesseinterior do Brasil, é raro uma cidade que não tenha uma banquinhade jogos. Diria que 90% das cidades as têm. É proliferado. E aspessoas apostam na internet. Os países do Mercosul, com o qual temos fronteiras, como o Uruguai, têm o jogo legalizado, e osbrasileiros viajam para lá, para os Estados Unidos e para a Europapara jogar. Os cruzeiros têm casinos em águas brasileiras, e ogoverno federal não recebe nada. Temos de discutir a questão dojogo. A Caixa podia bancar um jogo do bicho”, disse Leréia, emseu depoimento. Ele sustenta que se de fato os jogos sãoproibidos, os governos deveriam fiscalizar melhor. “Ou legaliza ouo proibe de vez, e o Estado, de fato, fiscaliza”, afirmou.

Noinício de setembro, ele havia sido convidado para depor na CPI doCachoeira, mas faltou. Esta comissão investiga as relações de Cachoeira com agentes do governoe supostos casos de corrupção, deflagradas na Operação MonteCarlo, da Polícia Federal (PF), de fevereiro deste ano. O deputadoLeréia pediu para que a data fosse remarcada e afirmou que ele mesmoera quem tinha manifestado interesse em depor. A despeito de serchamado para falar de sua relação com Cachoeira, ele dedicou boaparte de seu discurso à questão da legalização dos jogos.

Foco

Odeputado federal Odair Cunha (PT), relator da CPI, afirmou que asinvestigações não tratam somente da questão dos jogos. "Cachoeira criou umaorganização que controlava a polícia. Na áreade domínio de Cachoeira, a polícia deixava aberta só as máquinasde Cachoeira. O jogo é contravenção, mas estamos falando decorrupção policial, de fraude e licitação”, disse Cunha.

Leréiacomentou que não estranhou que seu nome tivesse entre as ligações investigadas pela PF. “Sou amigo pessoal do Carlinhos, conheço sua família, sua mãe, seus irmãos. Tenho fotoscom ele. Seus filhos são amigos dos meus, e minha esposa é amiga daex-mulher dele”, contou Leréia. Questionado pelo senador ÁlvaroDias (PSDB) se já havia emprestado seu cartão de crédito paraCarlinhos ou tomado emprestado o cartão deste, como apontam asinvestigações da PF, ele contou que isso foi um ocorrido da amizadeentre ambos.

“Eu estava nos Estados Unidos e queria comprar créditoda Apple, pelo meu Ipad, para joguinhos para o meu filho pequeno, masnão estava conseguindo. Então liguei para o Carlinhos, que semprefoi muito ligado com essas coisas de tecnologia, e pedi ajuda. Passeimeu cartão pra ele pra que tentasse, ou ele me passou o dele, pra eutentar fazer a compra. Mas eu já emprestei meu cartão pra vários amigos”,respondeu Leréia.

Amizade

De acordo com ele, foinos EUA também que ele teria usado o aparelho telefônicoNextel que Cachoeira lhe emprestou. Era por meiodesse tipo de celular que o contraventor e os agentes públicos quefaziam parte de seu esquema, como o cassado senador DemóstenesTorres (ex-DEM), organizavam o esquema de corrupção. “Ele me emprestou para ir para os EUA, em 1998 ou 1999, porque precisava demais um desses aparelhos – eu tenho cinco deles – pra falar com aminha família”.

Odair Cunha lhe perguntou quando ele devolveu oaparelho a Cachoeira, mas Leréia não soube responder. “Eu nãoprecisava de Nextel para falar com ele. Me encontrava com Carlinhos pessoalmente, não comooutros que tinham vergonha de mostrá-lo no seu círculo derelacionamentos”, disse Leréia. Ele afirma que não era sócio patrimonial deCarlinhos ou de alguém próximo a deste, mas se contradisse. Questionado por Cunha, elereconheceu ter parte de um avião, que chegou a pertencer a PauloRoberto de Almeida Ramos, irmão de Cachoeira.

Oslaudos da investigação da PF mostram que Leréia recebeu remessasde dinheiros de pessoas próximas a Cachoeira, mas, durante a CPI, ele afirmou que oúnico acesso que teve às gravações foi por meio das publicaçõesdos veículos de comunicação e que provavelmenteessa remessa tratava-se de um empréstimo pessoal que pediu aCachoeira. Este, diretamente, emprestou-lhe dinheiro, mas emoutra ocasião, um terceiro, o  empresário chamado Michel Aidar, citado nas ligações investigadas, teria lhe feito o empréstimo, a pedido de Cachoeira.

“A princípio pedi socorro ao Carlinhos, e ele me passou o contatodo Michel. Paguei pro Michel Aidar, e pro Carlinhos vou pagar, quandoele sair da cadeia” contou. Leréianegou ter beneficiado Cachoeira ou a construtora Delta em alguma ementa parlamentar em trocade dinheiro. “Eu sou daoposição e não tenho força pra empurrar ementa. Empresário nenhumme visita pra pedir isso”, disse.

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