Incidente terminou em pizza

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Publicado Quarta, 31 de Julho de 2002 às 08:46, por: CdB

Durou 24 horas a turbulência diplomática causada pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill. O governo brasileiro aceitou, na noite desta terça-feira, o pedido de desculpas apresentado pela embaixadora norte-americana, Donna Hrinak, em nome da Casa Branca. Hrinak explicou ao ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, as opiniões de O'Neill, que na véspera havia sugerido que os países latino-americanos desviam verbas obtidas junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para paraísos fiscais. O ministro brasileiro considerou o episódio superado. "A embaixadora trouxe, oficialmente, ao conhecimento do governo brasileiro, as explicações dadas publicamente, pela Casa Branca e pelo Departamento do Tesouro, a respeito das declarações do secretário", disse Lafer. Ao receber Donna Hrinak, o ministro afirmou que o governo brasileiro "tomava nota da manifestação de apoio e confiança do governo norte-americano, expressa em seu mais alto nível, em relação ao Brasil e à sua economia". O governo brasileiro, segundo Lafer, aceitou os esclarecimentos e considerou o episódio superado, reiterando seu desejo de que prevaleça a percepção correta da importância do relacionamento entre as duas maiores economias do continente americano. Hrinak, por sua vez, lamentou o incidente e concordou quanto à necessidade de "Brasil e Estados Unidos trabalharem em sintonia, diante dos desafios do quadro econômico internacional". O pedido de desculpas formal era uma reivindicação do governo brasileiro para desconsiderar as alegações de O'Neill. O Itamaraty insistiu em uma retratação mesmo após intervenções do porta-voz da Casa Branca e de uma alta assessora do secretário. À tarde, na tentativa de pôr um ponto final na crise diplomática, o governo norte-americano afirmou sua "confiança no Brasil" e expressou apoio a qualquer ajuda financeira internacional ao país. Em Washington, falando em nome de todo o governo dos Estados Unidos, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, classificou o Brasil como "um importante amigo e aliado e o presidente (George W. Bush) e seu governo têm uma grande confiança no Brasil e em sua equipe econômica". "Os Estados Unidos continuarão apoiando a ajuda financeira internacional para o Brasil. E esta é a posição do presidente e a posição do Governo, incluindo o secretário (do Tesouro, Paul O'Neill)", concluiu. Segundo Fleischer, o Brasil já demonstrou sua habilidade para utilizar a ajuda monetária internacional "de maneira efetiva" e tem políticas econômicas saudáveis. Pela manhã, em vez de O'Neill, foi a subsecretária do Tesouro para Informação Pública, Michele Davis, em entrevista ao jornal Washington Post, quem esclareceu as declarações. Davis assegurou que O'Neill não teve intenção de incluir o Brasil na lista dos países suspeitos de desviar as verbas dos credores, acrescentando que o país, na opinião do secretário, era digno de total confiança. O presidente Fernando Henrique Cardoso ameaçou não receber O'Neill, que visitará o Brasil na próxima semana, caso não houvesse uma retratação.

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