Impasse sobre transgênicos marca visita de Lula

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Publicado Sexta, 05 de Setembro de 2003 às 18:25, por: CdB

O impasse em torno da liberação dos transgênicos marcou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Expointer 2003, em Esteio (RS). Diante da Tribuna de Honra, que é o palanque oficial, várias faixas pediam a liberação dos transgênicos. A segurança reforçada, no entanto, intimidou possiveis protestos sobre o tema.
Lula foi à feira agropecuária para participar da cerimônia oficial de abertura.

Antes do presidente, falaram o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Ezídio Pinheiro, a prefeita de Esteio, Sandra Beatriz Silveira, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e o presidente do Uruguai, Jorge Batlle.

Pró-transgênicos

O representante dos produtores rurais na cerimônia foi o presidente da Farsul. Carlos Sperotto disse que o Brasil precisa com urgência da liberação do plantio da soja transgênica e que os produtos geneticamente modificados não prejudicam a saúde do consumidor.

Em todo momento em que defendia os transgênicos, Sperotto era aplaudido com entusiasmo pelos presentes. Ele pediu que Lula desse um "sim" à biotecnologia e suas "conquistas". O presidente da Farsul terminou seu discurso dizendo o slogan da federação: "Fome se acaba com agricultura forte".

O presidente da Fetag, Ezídio Pinheiro, fez um discurso de improviso. Sua participação foi decidida na última hora depois de negociações entre a entidade - uma das co-promotoras da Expointer - e a organização do evento. Antes de anunciada sua participação, a Fetag havia dito que manifestações poderiam ocorrer caso a voz da entidade não estivesse presente na abertura oficial.

Antes da cerimônia, o vice-presidente da Fetag, Sérgio de Miranda, disse em entrevista ao Portal Terra que a federação só espera uma definição do governo sobre os transgênicos. Miranda disse que o governo já fez o que pôde, mas que chegou a hora de decidir.

Conforme ele, os agricultores plantarão sementes transgênicas mesmo que a legislação não permita. Para Miranda, uma decisão contrária do governo referente à vontade dos agricultores pode gerar conflitos.

Já o governador do Estado, Germano Rigotto, disse que o Rio Grande do Sul tem um patrimônio genético "invejável" que está apto para crescer. Para Rigotto, "é da terra que virão os alimentos para o Fome Zero". Em um pedido a Lula, Rigotto disse ter certeza de que há a necessidade de "não prescindirmos da biotecnologia".

"Tenho certeza, presidente, de que o senhor terá isso em conta nos próximos dias. Na hora de ir para a frente não podemos dar ouvidos a quem se detém a olhar para trás".

Posição de Lula

O presidente Lula foi bem claro quanto a posição do governo frente ao assunto da transgenia. O presidente disse que neste ano seu governo teve coragem de fazer algo que a administração anterior não fez: tomar uma posição frente ao tema.

Lula citou o fato de ir a público a informação de que vários agricultores no RS plantavam soja transgênica e repetiu duas posições firmadas sobre o assunto. Uma era a de queimar todos os grãos - que para ele é um absurdo frente a fome existente no país. Outra opção seria importar tudo para a China: "Mas perguntamos se eles queriam?", indagou. O meio termo, para ele, seria exportar o possível e utilizar no país o que desse, rotulando que o produto é transgênico.

Mas, repetiu Lula, existe uma lei - "que não foi feita por mim" - proibindo o cultivo e venda de transgênicos e que esse problema deve ser resolvido. "Mas não quero um debate ideológico. Quero um debate científico".

Simpatia do uruguaio

O presidente do Uruguai, Jorge Batlle, foi quem fez os maiores agrados aos gaúchos. Logo que os hinos Nacional e Rio-grandense tocaram, Batlee chamou atenção. O uruguaio cantou do início ao fim o hino gaú

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