Nicolas Cage luta contra justiceiros em "O Pacto"

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Publicado Sábado, 10 de Março de 2012 às 09:41, por: CdB
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Ultimamente, a escalação de Nicolas Cage para um papel já diz tudo sobre um projeto, antes mesmo de o filme começar a ser exibido: é uma fita de ação; o protagonista (Cage) é um personagem simplório, vítima de algum grande esquema nebuloso ou criminoso; a história é totalmente previsível; os diálogos são banais e, no final, tudo dará certo. Os produtores não querem o Nicolas Cage que ganhou um Oscar em 2006 por Despedida em Las Vegas, de Mike Figgis; eles suplicam o canastrão que, apenas em 2011, se desdobrou em cinco filmes que somados ganharam da crítica menos estrelas que uma noite de céu nublado - Caça às Bruxas, Fúria sobre Rodas, Reféns, Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança e a partir desta sexta-feira no Brasil, O Pacto. Em O Pacto, o professor Will Gerard tem um pouco de cada personagem dos filmes anteriores de Cage, exceto a autocombustão do Motoqueiro Fantasma. Ou, talvez, todos esses filmes tenham se aproveitado de aspectos da personalidade do ator, tão fáceis de identificar em seus trabalhos atuais e, por isso mesmo, de boa aceitação do público. Por pior que seja seu papel, não há como não simpatizar com o pobre coitado que ele sempre representa. Dá pena acompanhar o professor Will Gerard no seu dia-a-dia, esforçando-se para falar de Shakespeare para uma turma de alunos que está mais preocupada em pichar os corredores da escola e falar ao celular durante as aulas. Ele também os leva para concertos de música clássica, pagando os ingressos do próprio bolso. Mas a música lhe proporcionou um prazer adicional, pois sua mulher, Laura (January Jones), toca numa orquestra. E será na saída de uma apresentação que acontecerá uma tragédia que jogará a vida do casal num abismo. Ao entrar no carro, estacionado numa rua escura de Nova Orleans, Laura é atacada e violentada. Socorrida, com muitos ferimentos, fica irremediavelmente abalada e insegura. Na sala de espera do hospital, Will é abordado por Simon (Guy Pearce, que também não é mais o mesmo desde Amnésia, de 2000) que lhe propõe um pacto: ele encomendará a morte do criminoso e, em troca, Will executará algum serviço para sua organização quando for necessário. O PactoA idéia não é original. Em Pacto Sinistro (1951), Alfred Hitchcock colocou dois estranhos em um trem com uma proposta parecida, na adaptação de um romance de Patricia Highsmith, com roteiro do escritor Raymond Chandler. Mas, 60 anos depois, o filme de Hitchcock ainda mantém o clima de pesadelo de que o trabalho do diretor Roger Donaldson não consegue se aproximar. Ao contrário do filme de Hitchcock, quem propõe o pacto não é um psicopata, mas o líder de uma organização criminosa, com muitas ramificações na cidade, que se aproveita de personagens fragilizados por uma tragédia familiar para convencê-los a praticar um ato de vingança. Will demora a se decidir, mas acaba concordando. Só que sua aceitação acabará desencadeando uma espiral de violência que não se limitará à morte do agressor de sua mulher. Personagens inocentes acabarão envolvidos, deixando Will numa situação insustentável. E aquele pacato professor de literatura dirigirá carros em alta velocidade, fugirá da polícia, manejará armas de fogo, promoverá investigações paralelas com uma desenvoltura de que apenas Nicolas Cage é capaz. E, como ele sempre faz isso em seus filmes, acreditamos que conseguirá novamente.
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