Chung Mong Hyon, conselheiro delegado da Hyundai Asan, filial do grupo industrial Hyundai, admitiu hoje, domingo, ter enviado em segredo 500 milhões de dólares à Coréia do Norte para obter os direitos de exploração e monopólio de vários projetos econômicos no país comunista.
Em entrevista coletiva, Chung disse que o dinheiro pode ter contribuído para facilitar a histórica cúpula de 2000 entre o presidente sul-coreano, Kim Dae Jung, e o líder do norte, Kim Jong Il, que abriu o processo de aproximação entre os dois países.
“Entreguei os 500 milhões de dólares à Coréia do Norte não só para obter os direitos de vários negócios, mas também porque achei que serviria para a realização da cúpula”, disse Chung.
O empresário acrescentou que chegou a um consenso com o governo do presidente Kim sobre os projetos com a Coréia do Norte devido ao “caráter especial” das relações entre a Coréia do Norte e a Coréia do Sul, países divididos em regimes opostos desde a II Guerra Mundial.
Chung, que pediu desculpas pelo caráter secreto das transações, afirmou que quis enfrentar a forte concorrência representada naquele momento pela Austrália, pelo Japão e pelos EUA, que haviam mostrado um alto interesse em iniciar negócios na Coréia do Norte.
O empresário não deu mais detalhes, por isso persistem as dúvidas sobre até onde chegaram o conhecimento e a participação da Administração de Kim Dae Jung nos envios de dinheiro e na concessão de créditos do Governo sul-coreano à matriz Hyundai naquela época.
O escândalo fez com que o presidente Kim Dae Jung pedisse, na sexta-feira, desculpas diante das câmaras de televisão pela conduta do Governo nos fatos e admitisse que o envio foi feito com sua aprovação, mas em prol de interesse do país.
Kim Dae Jung afirmou que assumirá todas as responsabilidades como presidente, mas pediu a compressão do povo e das forças políticas do país para que o caso seja encerrado com uma decisão política e sem um procedimento judicial, pelo bem do entendimento entre o Norte e o Sul.
O escândalo provocou a divisão da opinião pública sul-coreana, pois suscitou dúvidas sobre a política de aproximação impulsionada pelo presidente, que, devido a ela, ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2000.
O mandato de Kim Dae Jung termina no dia 25 deste mês, quando assumirá a Presidência Roh Moo Hyun, candidato do governista Partido Democrático do Milênio, que ganhou as eleições de dezembro.