Os governos dos EUA e do Haiti estão discutindo o futuro de dez missionários acusados de tentar retirar ilegalmente crianças do país caribenho depois do terremoto de janeiro, disse na quarta-feira a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton.
As autoridades haitianas devem decidir na quinta-feira se processa os dez missionários batistas, detidos na sexta-feira passada na fronteira com a República Dominicana, num ônibus com 33 crianças apresentadas por eles como sendo órfãos do terremoto.
Hillary disse que Washington mantém "discussões com o governo haitiano sobre a disposição apropriada do caso deles".
Num momento em que os EUA lideram a enorme operação humanitária no Haiti, o Departamento de Estado se empenha em não passar uma impressão de interferência no caso, e ainda na terça-feira negava que houvesse discussões com as autoridades haitianas a respeito deles.
Os missionários negam veementemente as acusações de tráfico infantil, e dizem que sua intenção era apenas ajudar as crianças.
– Foi lamentável, qualquer que tenha sido a motivação, que este grupo de norte-americanos tenha assumido as coisas com as próprias mãos – comentou Hillary.
Os missionários do Idaho não tinham documentos autorizando-os a retirar as crianças do país, mas um advogado haitiano a serviço deles afirmou que seus clientes "foram vítimas de um golpe" promovido por um pastor local, que lhes contou que seu orfanato havia sido destruído e que não tinha mais como manter as 33 crianças.
– Os norte-americanos são missionários, eles foram ingênuos. Eles não tinham ideia de que estavam violando a lei. Estavam agindo de boa fé e simplesmente quiseram ajudar – disse o advogado Edwin Coq.
O promotor Mazarre Fortil disse à Reuters que cinco missionários depuseram na terça-feira, os outros cinco falariam na quarta, e que na quinta-feira ele se decidirá por processá-los ou não.
O primeiro-ministro Jean-Max Bellerive lamentou que o caso desvie a atenção do drama dos haitianos.
– Acredito que seja uma distração do povo haitiano, porque eles estão falando mais agora sobre dez pessoas do que sobre cerca de 1 milhão de pessoas sofrendo nas ruas – disse.
Bellerive disse que a estimativa de mortos, que era de 150 e 200 mil pessoas, superou esse número.
Mortos
Mais de 200 mil pessoas morreram no terremoto do dia 12 de janeiro que devastou o Haiti, informou o primeiro-ministro Jean-Max Bellerive nesta quarta-feira.
Bellerive disse que 300 mil pessoas foram feridas no desastre, inclusive 4 mil amputados. Estimativas anteriores do governo haitiano indicavam índice de 150 mil a 200 mil mortos.
Rio de Janeiro, Sexta, 19 de Abril de 2024
Haiti e EUA discutem futuro de missionários presos
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Publicado Quinta, 04 de Fevereiro de 2010 às 07:55, por: CdB
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