Em entrevista concedida à Folha ontem, o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, hoje representante-geral do MERCOSUL, descortina os impasses do bloco sul-americano e defende um tratamento especial aos sócios menores, como o Uruguai e o Paraguai. Para o ex-ministro de Assuntos Estratégicos, “países menores têm o direito de se proteger, assim como nós queremos nos proteger dos chineses”.
Segundo Guimarães, as divergências comerciais não são sinal de fracasso do bloco. Pelo contrário. Em sua avaliação, “no Brasil, ou se é competitivo e se quer toda liberdade para exportar, ou tem setor menos competitivo e quer impor restrições”. Ele cita, ainda, os excessos brasileiros como no caso da reação ao leite em pó uruguaio: “se formos comparar os níveis de produção, o que significa isso no mercado brasileiro é muito pequeno”.
Nesta entrevista, o diplomata reforça a importância da discussão sobre uma política comum para os países do bloco em que “os países abandonem a sua visão nacional e desejem coordenar políticas”. Guimarães afirma que é preciso que o MERCOSUL “se conscientize da necessidade de se transformar em um projeto de desenvolvimento econômico dos países que são membros”.
Correção de desequilíbrios
Para isso, raciocina, precisamos de mecanismos que estimulem o comércio entre os países e que não ocorra o desequilíbrio na atração dos investimentos. Neste sentido, “sócios menores precisam de tratamento preferencial, ainda que já exista isso em muitos casos. É do nosso interesse econômico e político o avanço dos nossos vizinhos”, avalia Guimarães.