Guia de vinhos para o carnaval

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Publicado Quinta, 24 de Janeiro de 2008 às 13:43, por: CdB

O carnaval vem chegando, é hora de preparar a festa em alto estilo. Geralmente o principal ingrediente do carnaval é a “boa” cerveja, que “desce redondo”, pois é certo fazer um churrasco, com aquela picanha com gordurinha, para assistir o desfile das Escolas de Samba, e curtir o feriadão entre amigos até a quarta-feira de Cinza. Certo?

Temos feito constantemente esse “casamento”: picanha e cerveja, porém, segundo Manoel Beato, no Guia de Vinhos Larrouse, “esse hábito muito comum em nosso cotidiano não tem nada de harmônico nele, pois os sabores não se fundem, mas se opõem e o resultado é um empate técnico, que, embora forçadamente diplomático, não gera emoção e o deleite que um tinto intenso e bem estruturado seria capaz de causar”.

O guia traz dicas muito simples, ensinado o brasileiro a beber o vinho certo com o cardápio variado e maravilhoso da culinária regional do Brasil. Uma amostra simples é o famoso arroz, feijão e bife com salada, onde os tintos nacionais de corpo médio e os chilenos e portugueses leves são os vinhos corretos para harmonizar.

Já para o cozido brasileiro, sugere os tintos frescos leves, porém estruturados: chianti e dolcetto italianos; tannats uruguaios mais leves; brasileiros de médio corpo. Indo mais além, falta a rainha da gastronomia carioca: a feijoada que fica perfeita com um vinho tinto leve a médio corpo, com boa acidez e tanino; pinotage sul-africano; tinto do Loire (França) e brasileiros de cabernet sauvignon.

Uma curiosidade é o conceito de que a pimenta abafa o vinho também é tratada com um profissionalismo adquirido através da experiência adminstrando uma adega de cinco mil rótulos. Beato declara que com pouca pimenta deve-se preferir vinhos aromáticos, de acidez boa, e baixo teor alcoólico, como alguns torrentés argentinos, sauvignon blanc da Nova Zelândia e da África do Sul.

Na hora de comprar os vinhos certos para o carnaval, e segundo a experiência desse renomado chef-somellier que há 16 anos está à frente do restaurante Fasano em São Paulo, sugiro vinhos com boa relação custo (entre 26 e 100 reais) e benefício (12M, 13M e 14M), considerados ótimos, conforme a avaliação exclusiva de Manuel Beato que vai de 0 a 20M (o M é de Manoel). No guia há uma infinidade de vinhos separados por países, destaquei um de cada numa amostragem do que está separado para o leitor. Sensacional!

Argentina: Afincado Malbec Terrazas 2003 (Mendonza)

Brasil: Cabernet Sauvignon Grand Reserva Casa Valduga 2004 (Vale dos Vinhedos)

Chile: Trio Concha Y Toro 2005 (Maipo)

Uruguai: Catamayor Sauvignon Blanc 2006 (San Jose)

Estados Unidos: Shiraz Delicato 2004 (Califórnia)

África do Sul: Two Oceans sauvignon Blanc 2006 (Western Cape)

Austrália: Three Steps Shiraz Hope State 2004 (Hunter Valley)

Nova Zelândia: Walnut Ridge Pinot Noir Alta Rangi 2004 (Martinborough)

Alemanha: Hoccheimer Holle Riesling Kabinett Domdechant Werner 2004(Rheingau)

Espanha: Cava Codorniú Reserva Reventós Brut (Cava – tipo espumante)

França: Auxerrois Pinot Blanc Albert Mann 2005 (Alsacia)

Hungria: Late Harvest Oremus 2002 (Tokay)

Itália: Duca Enrico Duca di Salaparuta 2002 (Sicíla)... 16M!!!!!!

Portugal: Borba DOC Adega Cooperativa de Borba 2003 (Alentejo)
 
O Guia de Vinhos Larrouse traz uma variedade imensa de informações e clareza para o entendimento do mundo do vinho. Muito me alegra observar que no Brasil estão sendo formados profissionais que estudando fora, vem acrescentar a nossa caminhada de enófilos, criando raízes, crescendo frondosos, competentes e admiráveis.

Uma dica: vale a pena juntar as garrafas de sua adega um exemplar do livro do competente Beato, aproveite para levar no feriadão, para uma boa leitura entre uma escola de samba e outra com uns bons goles de vinho.

Catia de Melo Silva
Membro da Association de La Sommellerie Internationale – ASI

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Edição digital

 

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