Greve de 24 horas parou hoje grande parte do transporte e do comércio na Argentina

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Publicado Terça, 20 de Novembro de 2012 às 18:44, por: CdB

Monica Yanakiew

Correspondente da EBC na Argentina


Buenos Aires – Uma greve de 24 horas, convocada pelas principais centrais sindicais da Argentina parou hoje (20) boa parte do transporte e do comércio do país. A paralisação ocorreu menos de duas semanas depois do panelaço contra a presidenta Cristina Kirchner.

Foi a primeira vez que a maioria dos sindicatos se uniu o atual governo. Até o ano passado, Cristina Kirchner contava com o apoio da poderosa Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT). Mas o seu líder, Hugo Moyano – que comanda o Sindicato dos Caminhoneiros e tem aspirações politicas – passou para a oposição e se juntou à Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e aos sindicalistas do setor rural no protesto de hoje.

A CTA já fez mobilizações contra o governo de Cristina Kirchner, mas é a primeira vez que planejamos uma ação conjunta com a CGT e os sindicatos ruralistas. Podemos ter nossas diferenças politicas, mas nossas reivindicações são as mesmas”, disse à Agência Brasil Ricardo Piedro, o segundo na linha de comando da CTA.

As reivindicações incluem, entre outras reivindicações, aumento do salário mínimo, planos sociais e a correção da tabela de isenção de Imposto de Renda, que não foi reajustada de acordo com a inflação. O índice oficial não chega a 10% ao ano, mas, segundo economistas independentes e líderes sindicais, os preços aumentaram pelo menos o dobro.

A presidenta reagiu ao movimento dizendo que os trabalhadores foram pressionados a aderir à greve. “Não fizeram greve nem paralisação. Pressionaram os trabalhadores com ameaças”, ressaltou. Segundo o governo, que conta com o apoio de alguns sindicatos, Buenos Aires só parou porque os grevistas bloquearam as principais vias de acesso à capital.

Os ônibus e táxis circularam, apesar da greve, mas o metrô parou. Desde cedo, os grevistas bloquearam avenidas e pontes em todo o país. Milhares de pessoas, que moram na periferia de Buenos Aires e trabalham no centro, ficaram em casa. Muitas empresas e escolas deram folga.

Muitos voos foram cancelados – domésticos e internacionais das empresas locais (Aerolineas Argentinas e Austral). Mas os voos de empresas estrangeiras, como TAM e Gol, foram mantidos. Ainda assim, vários turistas brasileiros foram surpreendidos pela greve.

O aposentado Flomarion Alves chegou a Buenos Aires na manhã de hoje para passar dez dias com a mulher em Ushuaia, no Sul da Argentina. Mas a conexão local foi cancelada. “Saímos do aeroporto de Guarulhos no dia da greve e ninguém nos informou que cancelariam os voos. Agora Aerolineas Argentinas nos informa que só poderemos deixar Buenos Aires no sábado (24). Vamos perder cinco dias”, disse à Agência Brasil.

O servidor público Gilson Gregório madrugou no aeroporto com medo de perder o voo, por falta de táxi ou por causa dos bloqueios. “Dei sorte, o voo para São Paulo não foi cancelado”, declarou.

Para o analista político Rosendo Fraga, a greve geral e o panelaço não mudarão o rumo político do governo, mas trarão prejuízos políticos para a presidenta. “É mais um sinal de que a presidenta, reeleita com 54% dos votos em outubro passado, está perdendo o apoio de boa parte da classe média e dos trabalhadores”, avaliou.

 

Edição: Aécio Amado

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