Grã-Bretanha continua a pesar o uso do euro

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Publicado Segunda, 05 de Maio de 2003 às 20:34, por: CdB

O longo debate que deveria resultar em um veredicto, este mês, sobre o uso do euro como moeda britânica se transformou em uma competição de tempo que continua adiando a decisão final. Alcançar uma decisão não será fácil, porque este é um assunto fretado na Grã-Bretanha, estendendo bem além da economia e passando pela política da soberania e identidade nacional. Alguns bretões rejeitam a tradicional e orgulhosa relação com o Continente como antiquada, mas muitos outros a consideram definidora. A questão causou uma divisão entre negócios, sindicatos e partidos políticos desde que o Partido Trabalhista chegou ao poder em 1997 prometendo, como o primeiro-ministro Tony Blair descreveu, preencher o destino da Grã-Bretanha em ser o coração da Europa. Ela também atraiu atenção pública, porque coloca Blair em divergência com seu rival interno pela influência no futuro do país, o chanceler do Tesouro Público, Gordon Brown. Blair, um defensor do euro, sempre prometeu que a decisão seria debatida em um referendo, e, ao ser eleito para o segundo mandato em junho de 2001, ele prometeu declarar, dentro de dois anos, se a Grã-Bretanha realizaria uma votação. Antecipando este prazo, Brown, um cético em relação ao euro, irá anunciar os resultados de uma extensa avaliação para saber se o euro cumpre cinco testes econômicos, estabelecidos em 1997, para medir se a aceitação do euro é realmente boa para a Grã-Bretanha. Os testes examinam se a aceitação do euro seria boa para os empregos, para o investimento estrangeiro e para a indústria de serviços financeiros. Eles também testam se a economia britânica está de acordo com a economia do continente e se haveria flexibilidade suficiente para determinar estratégias de negócios e salários. O veredicto de Brown deve demorar a sair, e Blair não tem poder para rebater a descoberta, porque apoio cinco destes testes. Os defensores do euro, em vez disso, recuaram para uma posição de reavaliação dos testes e um novo pedido de julgamento, antes da próxima eleição, esperada para 2005. Oficiais do Tesouro disseram que Brown quer se afastar de todos os pensamentos de um referendo. Blair se recusou a responder questões sobre o euro em uma coletiva de imprensa na semana passada, mas seu ex-ministro de Gabinete e confidente político, Peter Mandelson disse à Câmara de Comércio de Londres que ficar longe do euro custaria empregos, crescimento, ganhos em produtividade e investimento estrangeiro. "Se os negócios não levarem a sério a crença de uma única moeda para a Grã-Bretanha antes de 2010, então a perda de confiança será severa", afirmou Mandelson, que não custa dar declarações públicas sem o conhecimento de Blair. Há uma ação no Gabinete de Blair, entre os ministros pró-euro, para a realização de um debate formal em um esforço para corromper a dominação de Brown. Mandelson apoiou essa ação, dizendo: "Ainda há tempo para tomar esta decisão. Eu espero que a porta não se feche novamente". A Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia são os únicos países da União Européia que não adotaram notas e moedas do euro, e mais de 300 milhões de europeus já usam a moeda. Os doze países que tornaram o euro legal em janeiro de 2002 são a Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal e Espanha. A maior parte dos dez países do leste e sul europeu, que em breve devem fazer parte da união, irão se juntar a estes doze países. Blair esperava que a relação dos turistas britânicos com o euro e a facilidade com a qual o Continente se adaptou à nova moeda reduziriam a oposição em seu país, mas 62% dos cidadãos entrevistados em uma pesquisa, realizada na semana passada no The Daily Telegraph, disseram que se o referendo fosse conduzido agora, eles não votariam no euro. Opositores do euro indicam que a Grã-Bretanha, com sua libra esterlina, tem mais estabilidade econômica, uma baixa inflação e menos desemprego que os outros países da

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